Paraguai investiga participação de Ronaldinho em organização criminosa e lavagem de dinheiro

Suspeita é de que passaportes falsos ajudariam brasileiros na operação de empresas  

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Por Raphael Ramos
Atualização:

Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis, estão sendo investigados neste momento por diversos órgãos no Paraguai. O objetivo de todos é comum: descobrir por qual razão os dois obtiveram passaportes falsos. A principal suspeita do Ministério Público é de que ambos possam fazer parte de um amplo esquema de adulteração de documentos com a finalidade de conseguir negócios ilegais no país. Há, inclusive, a desconfiança de que a trama envolveria lavagem de dinheiro.

O ponto de partida das investigações passa pelo Ministério do Interior do Paraguai, responsável pela Direção Geral de Imigração, setor que cuida da entrada e saída de estrangeiros do país. Por isso, uma equipe da Secretaria Nacional Anticorrupção foi instalada dentro do ministério. A previsão é de que a investigação na pasta durará ao menos 60 dias.

Ronaldinho Gaúcho foi preso com o irmão Assisno Paraguai Foto: Norberto Duarte/AFP

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Diante da repercussão internacional do caso, a promessa das autoridades paraguaias é "colocar a casa em ordem" e tratar a prisão de Ronaldinho como uma questão de segurança nacional. “Hoje, nossa prioridade é colocar a casa em ordem e solucionar este caso envolvendo Ronaldinho Gaúcho", disse a nova diretora-geral de Imigração, María de los Ángeles Arriola. "Não devemos apenas controlar a entrada e saída, mas somos o primeiro filtro de segurança do Estado.”

Dois funcionários do departamento já foram indiciados pelo Ministério Público por supostamente facilitarem a entrada de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão no país com passaportes falsos na semana passada. A dupla e mais três pessoas foram identificada por câmeras de segurança do Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, na cidade de Luque. Eles teriam recebido os passaportes dos brasileiros e não alertaram as autoridades de que os documentos eram falsos. Os funcionários, inclusive, até carimbaram os passaportes, permitindo a entrada dos brasileiros. Por isso, foram denunciados por produção de documentos públicos de conteúdo falso e associação criminosa.

Considerada peça-chave do esquema, a empresária Dalia Angélica López Troche teve a sua prisão decretada, mas está foragida. Ela foi a responsável por negociar a viagem de Ronaldinho e o irmão ao Paraguai e também teriacuidado da confecção dos passaportes falsos. Segundo o Ministério Público, ela integra uma organização criminosa estruturada para facilitar a preparação e o uso de documentos de identidade e passaportes falsos.

Outro elemento importante no caso é Wilmondes Souza Lira, empresário brasileiro amigo de Ronaldinho e seu irmão. Ele está preso no mesmo presídio que o ex-jogador. Ao lado da mulher, Paula Lira, eles apresentaram Ronaldinho e Assis à Dalia e estavam interessadas em abrir uma empresa no Paraguai. Os passaportes paraguaios os ajudariam na operação desse novo empreendimento.

O que os investigadores querem saber é qual seria a real atividade dessa empresa. Os celulares de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão foram apreendidos e a expectativa é de que a perícia do conteúdo dos aparelhos ajude a entender melhor a conexão entre os brasileiros e Dalia. A empresária, por exemplo, possui negócios nos ramos de comercialização de produtos eletrônicos, transporte, informática e móveis, que, segundo a Subsecretária de Estado e Tributação do Paraguai, teria ocultado ganhos de US$ 10 milhões (cerca de R$ 47 milhões) ao Fisco.

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O juiz Gustavo Amarilla negou na terça-feira pedido de prisão domiciliar a Ronaldinho e seu irmão sob a justificativa de que se ambos saíssem da cadeia poderiam prejudicar as investigações. "Pode ser que eles estavam fazendo o simples uso dos passaportes, mas também há outras crimes que estão sendo investigados", justificou Amarilla.

Outro lado

Adolfo Marín, advogado do Ronaldinho, afirmou que não pode comentar as investigações. "De acordo com um acordo de confidencialidade com nosso cliente, não estamos autorizados a comentar o caso", disse o defensor em nota ao Estado.

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