Pato: 'Estou trabalhando duro para voltar a seleção brasileira'

Atacante não é chamado desde 2013, sabe que o tempo é curto, mas diz estar bem e espera ter uma chance com Tite

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Por Almir Leite
6 min de leitura

Alexandre Pato está do outro lado do mundo. Mas não deixa de olhar para o “lado de cá’’. Mesmo com a proximidade da Copa e apesar de estar afastado da seleção desde 2013, ainda espera que Tite lhe dê uma oportunidade. Entende que o fato de estar na China não é empecilho e diz que Paulinho, Renato Augusto e sobretudo Diego Tardelli, chamado para os jogos com Bolívia e Chile, justificam sua esperança.

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O atacante de 28 anos diz ter relacionamento respeitoso com Tite, que o dirigiu na má passagem pelo Corinthians. Garante estar adaptado ao Tianjin Quanjian, quarto colocado do “Chinesão’’, onde chegou em fevereiro.É destaque do time – tem 16 gols no torneio – ídolo dos torcedores e tem contato constante com os chineses pelas redes sociais.

Mas não esquece o São Paulo, clube onde jogou entre 2014 e 2015 e que ainda o encanta. “Eu amo o São Paulo’’, admitiu nesta entrevista ao Estado.

Pato é ídolo e se diz à vontade na China. Foto: Tianjin Quanjian

Como foi a adaptação ao futebol chinês?

O impacto inicial foi muito estranho: se comunicar com as pessoas é um problema, imagina com os companheiros nos treinamentos ou no jogo… tem diferentes jeitos de se relacionar. Na rua, você vê milhares de pessoas a cada esquina… Mas em pouco tempo dá para perceber que aqui tenho tudo para ajudar o clube e o futebol chinês a crescer. E tem muita oportunidade na área de negócios. 

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Em que padrão o Quanjian se encaixa no futebol chinês? Qual as pretensões do clube?

O Tianjin Quanjian está vivendo uma fase histórica: é um clube novo, mas muito ambicioso. Esta jogando na Primeira Divisão pela primeira vez na história (é quarto colocado) e com certeza é uma das grandes surpresas na liga chinesa. Estamos até lutando para conseguir nos qualificar para a próxima Champions League da Ásia e temos boas chances. O presidente, o dono do clube, é muito competente, ama o ti tem grandes projetos e temos também uma torcida apaixonada e carinhosa. 

O fato de ser o único brasileiro do grupo dificulta o seu trabalho? Há o problema do idioma...

Na verdade, não. Sou o único brasileiro, sim, mas consigo falar em italiano com o treinador (Fábio Cannavaro) e com a comissão técnica, em português com o Witsel (jogador belga) e em inglês com alguns dos jogadores chineses. Temos vários tradutores que nos ajudam. Aprendi algumas palavras que uso durante os jogos, para falar alguns movimentos ou ações com meus companheiros chineses, para começar as entrevistas… e também para sobreviver no restaurante ou no táxi. A língua chinesa é muito difícil para aprender em pouco tempo mas com paciência e sorriso, pode-se comunicar bem.

Quando você aceitou jogar no futebol chinês, muita gente disse que estava abdicando da seleção. Você nunca foi chamado pelo Tite. Não pensa mesmo mais em seleção?

Lógico que penso. A seleção sempre foi meu sonho e sempre vai estar nos meus pensamentos. Acho que agora a seleção voltou a ser um objetivo concreto. Estou numa ótima condição física, jogo, marco gols e ajudo os companheiros. Estou trabalhando muito duramente para voltar a ter a honra de vestir a camisa amarela. Tenho saudade do orgulho que só a seleção pode dar. O futebol contemporâneo é um futebol global e está mostrando que tem espaço para quem não joga no Brasil ou na Europa e que tem possibilidade de ser chamado pela seleção, tem alguns exemplos.

O que te impediu de ter continuidade na seleção brasileira?

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Eu acho que sempre fiz o meu melhor quando fui chamado e quando tive oportunidades. Depende dos treinadores escolher e decidir quem chamar. Eu respeito isso.

Qual a sua impressão sobre a atual seleção? Vai conseguir apagar o vexame de 2014? Tem condições de ser campeã na Rússia?

Sim, a seleção brasileira sempre tem condições. Com essa seleção eu estou feliz, e todos os brasileiros estão felizes. Tite está fazendo um grande trabalho, o time tem um jogo surpreendente que pode ajudar a ganhar a próxima Copa.

Pretende voltar ao futebol europeu algum dia?

Eu estou quase completando a minha primeira temporada na China e quero aproveitar o meu tempo aqui (tem contrato com o Tianjin até 2020), fazer o melhor para ajudar o meu time e o futebol chinês a crescer. Mas no futebol as coisas mudam de repente. Nunca se sabe o que vai acontecer.

E ao futebol brasileiro?

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Quem sabe…

O São Paulo faz campanha muito ruim no Campeonato Brasileiro. Corre risco de rebaixamento. Você tem acompanhado?

O São Paulo é um grande clube, com um grande nome e uma tradição, uma história importante. Claro que acompanho os jogos, me emociono e sofro também. Para mim, o São Paulo é um clube de Serie A!

No seu aniversário, o São Paulo lembrou da data no Twitter e você agradeceu. O clube será boa opção quando você decidir voltar ao futebol brasileiro?

Sim, adorei a surpresa. Eu sempre vou ter ótimas lembranças do meu tempo no São Paulo. Os torcedores me amam, consigo ver isso nos comentários, nas letras e nos presentes que recebo. O São Paulo foi uma casa para mim e não vou esquecer. Mas, como falei, no futuro nunca se sabe.

Voltando ao futebol chinês: quais são seus objetivos ou sua missão aí na China?

Que seja no Brasil, na Europa ou na China, meu objetivo é sempre um: ganhar! Aqui na China eu quero ser uma referencia para ajudar o desenvolvimento do meu clube e de todo o futebol chinês. Acredito muito no futebol chinês: em 6 meses eu consegui ver mudanças rápidas nos jogos, no ritmo, na condição física. É um futebol em contínua e rapidíssima evolução, assim como é o país, um mercado gigante e super dinâmico. A China é um “mundo” perfeito para quem quer crescer e ter uma visão do mundo de 360 graus.

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Você tem bastante contato com os brasileiros?

Aqui na China tem muitos amigos, Oscar, Hulk… Tenho contatos com todos, sim, conversamos bastante, mas fica difícil nos vermos por causa das grandes distancias no país. Temos treinos todos os dias e jogos no fim de semana e, quando tem folga, não dá para ir muito longe. Pode ser que nos vemos nas ferias!

E fora de campo? Como é sua vida na China?

É extremamente tranquila: casa, treino, casa. A cidade onde eu moro, Tianjin, é uma das mais bonitas da China: me explicaram que no passado teve aqui o porto maior dessa área da Ásia e então foi estratégica pelos negócios e comércio. Teve influencia italiana e alemã e ainda tem bairros históricos ocidentais. Todo mundo imagina uma cidade chinesa, gigante e com transito infernal… não é nada disso. A cidade é grande e populosa, mas é muito bem organizada e limpa. Eu sou uma pessoa curiosa e gosto de conhecer bem o lugar onde vivo. Aqui viajo bastante quando tem folga, conheço os monumentos e os bairros típicos onde comer a verdadeira comida chinesa e uso muito as redes sociais chinesas.

Você tem uma interação grande nas redes sociais. É bastante popular entre os torcedores. Fale um pouco sobre isso.

Sim, uso muito as redes sociais aqui desde o começo. Para mim é um jeito de ter os olhos abertos na vida da China, no que acontece no pais, como os meus fãs, os torcedores e todas as pessoas pensam e o que falam. Tenho uma ótima relação com meus fãs e posso dizer que agora estou adorando o carinho dos torcedores.