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Pênalti deixa de ser um tormento para os goleiros no Brasileirão

Índice de defesas nas cobranças de penalidades máximas vem aumentando, reflexo de treinamento melhor e de maiores informações sobre os batedores

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Foto do author Marcio Dolzan
Por Ciro Campos , Daniel Batista e Marcio Dolzan
Atualização:

A tarefa de chutar a partir de uma marca a 11 metros de distância e fazer a bola acertar o alvo de aproximadamente 18 m² virou um desafio complicado para os cobradores de pênaltis. Neste Campeonato Brasileiro os jogadores têm sofrido com essa missão. Em 13 rodadas finalizadas até a última quinta-feira, o aproveitamento de cobranças despencou em comparação aos anos anteriores. O Brasileiro tem decepcionado quem comemora antecipadamente quando um árbitro marca pênalti a favor do seu time. Sem contar os jogos deste fim de semana, o levantamento feito pelo Estado computou 42 cobranças, 15 delas desperdiçadas. Os batedores têm acertado somente 64% dos chutes, número inferior aos cerca de 77% de aproveitamento registrado nas duas últimas edições.

Apesar de os mais de sete metros de largura e os quase 2,5 metros de altura fazerem o gol parecer espaçoso a quem acompanha à distância, os goleiros têm conseguido dificultar bastante a tarefa de quem cobra. Somente na rodada do último fim de semana, as cinco cobranças foram perdidas. Quatro delas pararam em defesas.

Cássio defendeu dois pênaltis neste Brasileiro pelo Corinthians Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

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“Isso é falta de treino dos batedores e maior capacidade dos goleiros, que estão se preparando melhor, com imagens e informações. Batedor de pênalti precisa treinar e ter calma. Não existe esse papo de loteria”, disse Evair, especialista em cobranças de penalidades quando jogava. “Uma das primeiras coisas que eu tentava saber era se o goleiro saia antes. Se saísse, ficava bem mais fácil”, contou. 

O goleiro Cássio, do Corinthians, parece concordar com Evair, por isso adota uma tática que poderia dificultar a vida do ex-atacante. “Eu espero até o último minuto e tento aproveitar o meu tamanho”, contou o corintiano de 1,96 m de altura. 

Só neste Brasileiro, ele já defendeu duas cobranças em momentos decisivos. A primeira foi a de Luan, do Grêmio, na vitória corintiana por 1 a 0. A outra foi a de Lucca, quando o alvinegro fez 2 a 0 na Ponte Preta. 

Vanderlei já defendeu três pênaltis no Campeonato Brasileiro Foto: Ivan Sorti/Santos FC

Quem está na frente de Cássio como herói é o santista Vanderlei. Foram três defesas no Brasileiro. Em outras três ocasiões os adversários chutaram ou na trave ou para fora. 

A verdade é que não existe um segredo para acertar ou defender cobranças de pênaltis. Se Cássio resolve esperar, Douglas, do Avaí, prefere arriscar. “Hoje todo mundo se conhece e fica difícil esconder uma cobrança, mas cada um tem um estilo peculiar para bater na bola. Prefiro arriscar um canto, mas, se conheço o batedor, tento pular no lado que eu acredito que ele vá chutar”, contou. Assim, ele pegou a cobrança de Edilson, do Grêmio, quando o Avaí surpreendeu e venceu por 2 a 0, em Porto Alegre.

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Quem sofre com tudo isso são os batedores. Fred, especialista na jogada, admite que a dificuldade para continuar com bons retrospectos. “Eu acerto 70% ou 80% das cobranças, mas os goleiros estão melhores”, disse o atacante do Atlético-MG, que bateu um pênalti contra o Santos e parou nas mãos de Vanderlei. 

Menos mal para Fred que o Atlético também tem um pegador de pênaltis. No mesmo jogo, Victor defendeu a cobrança de Kayke. “A gente não pode tirar o mérito de uma defesa de pênalti, que é um lance extremamente difícil para o goleiro. Tive a felicidade de defender um pênalti, o Vanderlei também defendeu. Isso mostra que os goleiros estão cada vez mais preparados. Não pode só colocar a responsabilidade nos batedores.’’

Evair dá um conselho. “É mais fácil olhar para a bola, escolher um canto e chutar forte, mas a chance de acerto é maior se você olhar para o goleiro. Não precisa ficar olhando para a bola. Ela ficará parada, quem se mexe é o goleiro”, ensina.

Ele sai em defesa dos cobradores da atualidade, lembrando que os goleiros hoje têm acesso às informações dos batedores. De fato, a tecnologia tem sido bastante utilizada para que os goleiros consigam ter mais chances de evitar ou diminuir a quantidade de gols de pênaltis.

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Os principais clubes do Brasil contam com uma espécie de olheiros que buscam informações, alimentam a base de dados dos departamentos de análise de desempenho sobre os adversários e passam para a comissão técnica e jogadores. Com a globalização, raramente um goleiro de time grande irá a campo sem saber a forma com que os cobradores de pênaltis da equipe adversária chutam. 

Dados curiosos sobre as cobranças de pênaltis no Campeonato Brasileiro: 42 pênaltis foram batidos no Brasileiro deste ano até a última rodada. 15 erros foram cometidos pelos cobradores. Mais de 1/3 das chances. 13% menor é o aproveitamento em comparação a 2015 e 2016. 5 gols Henrique, do Fluminense, marcou neste Brasileiro em cobrança de pênaltis.  3 defesas de pênaltis têm o goleiro Vanderlei, do Santos, e Victor do Atlético-MG.

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