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Pênaltis viram dor de cabeça para cobradores de inúmeras equipes

São Paulo, Corinthians, Vasco e Ceará perderam penalidades

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Por Gonçalo Junior
Atualização:
Fernando Prass defendeu pênalti de Lucca no clássico contra o Corinthians Foto: Werther Santana|Estadão

As cobranças de pênaltis, lances que chegam a ser comemorados antecipadamente, tamanha a certeza de gol, transformaram-se em motivos de dor de cabeça para os cobradores. O final de semana teve uma enxurrada de pênaltis perdidos em vários estados. São Paulo, Corinthians, Vasco, Ceará, Fluminense, Botafogo, Bahia e Internacional lamentaram os erros na falta suprema. A alegria antecipada quando o pênalti é marcado virou motivo de dúvida e apreensão. 

As explicações para os desperdícios são variadas, mas indicam que os goleiros se preparam mais que os atacantes. Enquanto os cobradores apenas treinam os chutes, alto, baixo, forte ou colocado, os arqueiros estudam cada batedor. Essa é a tese defendida pelo ex-jogador Evair. “Da mesma forma que os goleiros estudam os rivais, os cobradores também precisam saber como os goleiros se comportam”, afirmou o ídolo palmeirense. “Seria uma obrigação estudar o goleiro”, define o ex-atacante. 

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Exemplo acabado do que defende Evair, o goleiro Fernando Prass completou sua 10.ª defesa com a camisa do Palmeiras na vitória sobre o Corinthians no Pacaembu. Ele afirma que estudou as batidas do corintiano Lucca, mas que decidiu o canto para a defesa apenas no último instante. “Eu vi as cobranças dele no canto esquerdo, direito, no meio do gol. E aí vai do feeling na hora. Tentei esperar para ele não ver para que canto eu ia e sair com bastante explosão”, afirmou o goleiro. 

O ex-atacante Pepe tinha uma receita pessoal para as cobranças: um tirombaço seco, sempre no lado esquerdo do goleiro. O “canhão da Vila” conta, orgulhoso, que muitos goleiros pulavam no canto oposto à sua cobrança só para não levar uma bolada. Surpreso com a quantidade de pênaltis perdidos, Pepe destaca a importância do treinamento. “É um momento muito importante, que deveria ser treinado diariamente. O tempo traz a tranquilidade, mas, até lá, é preciso encontrar um jeito próprio de bater e aperfeiçoá-lo”, receita o ex-atacante. 

O treino é importante para antecipar condições de jogo. Muitos cobradores fazem apostas com o goleiro para criar uma motivação adicional para seguir batendo. Além disso, os acertos reforçam a confiança para a hora do jogo. Isso significa que aquela história “treino é treino e jogo é jogo” é meia verdade na hora do pênalti. 

No São Paulo, os erros se tornaram trauma. Das seis penalidades que o time teve a seu favor na temporada, cinco foram desperdiçadas. A última delas foi na vitória sobre o Oeste, no sábado, pelo zagueiro Maicon. Antes dele, Ganso, Michel Bastos e Calleri já haviam desperdiçado. No caso do São Paulo, só Maicon foi parado pelo goleiro (assista ao pênalti perdido por Maicon aos 2min do vídeo abaixo); os outros foram erros mesmo, na trave ou para fora.

O erro serviu também para evidenciar problemas no elenco. Ganso reclamou que o zagueiro furou a fila já que o camisa 10 seria o cobrador. No final, Maicon pediu desculpas. Antes da cobrança, parte dos dez mil torcedores que estavam no Morumbi chegaram a pedir que o goleiro Denis cobrasse, evocando a presença de Rogério Ceni. “Eu quero me firmar debaixo das traves para depois pensar em fazer as cobranças”, explicou. “O lado psicológico pesa um pouco. Não podemos pensar nos pênaltis que já perdemos. Quando o primeiro entrar, essa pressão vai acabar”. 

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No caso do atacante Fred, do Fluminense, a pressão é muito maior. Vivendo um jejum de gols desde 11 de fevereiro, o atacante desperdiçou uma cobrança diante do Madureira no último sábado. O atacante afirmou que sabia que seria cobrado, apesar da vitória por 2 a 1. 

Na Copa do Nordeste, o lado psicológico pesou quando Rafael Costa, também chamado Rafael Ninja, perdeu o duelo com o goleiro Tiago Cardoso. O Ceará perdeu a chance do bi e acabou derrotado por 1 a 0. Na Bahia, Thiago Ribeiro, ex-Santos, perdeu a oportunidade de fazer seu primeiro gol pelo Bahia. “O Ricardo Berna adivinhou o canto”, lamentou. 

Nenê, atacante do Vasco, também desperdiçou um pênalti no final de semana, mas ele tem crédito. Foi o primeiro desperdício do camisa 10 em dez tentativas. O tropeço mantém a invencibilidade na temporada, mas custou a liderança da Taça Guanabara.