PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

(Viramundo) Esportes daqui e dali

Piada sem graça

Por Antero Greco
Atualização:

A segunda-feira paulista será de gozação de verdes contra alvinegros. Para ser mais preciso, a zoeira começou ontem, assim que Vinicius Araújo apitou o final do dérbi, em que o Palmeiras derrotou o Corinthians por 2 a 0. As redes sociais foram inundadas por brincadeiras, nas quais são-paulinos, santistas e demais pegaram carona. Bagunça saudável, para descontrair. Piada de mau gosto é no que transformaram o Corinthians. Num estalar de dedos, num piscar d’olhos, o grupo que arrancou aplausos nos primeiros meses da temporada virou arremedo de time, fantasma de si próprio. Pois é o que se viu, em Itaquera, na cinzenta tarde de outono: equipe abatida, insossa, desconjuntada, perplexa, impotente. Um nada. O Corinthians comparado a grandes europeus, em condições “até de disputar a Champions”, outra vez teve comportamento acanhado. Sem alma, sem coordenação, sem iniciativa – presa fácil para o Palmeiras, que amargava série de resultados ruins. A turma de Tite comportou-se como na derrota para o Guaraní (1 a 0), pela Libertadores, no mesmo local: do início ao fim não passou um minuto sequer a sensação de que poderia chacoalhar, acordar e dar reviravolta. Como no jogo com os paraguaios, assistiu ao passeio adversário. O Palmeiras nem precisou de atuação estupenda; teve o mérito de manter a cabeça no lugar, marcou com aplicação, aproveitou-se das oportunidades que surgiram e sobretudo apostou no descontrole tático e emocional do rival. Teve o relógio como aliado.  O Corinthians desfigurado não fez Fernando Prass sair com uma sujeirinha no uniforme, não arrancou suspiros da Fiel, não empolgou. Se nas últimas semanas, tem descido a ladeira – mesmo com duas vitórias no Brasileiro –, desta vez meteu o pé na lama. O conjunto formidável, eficiente, linear, deu lugar para uma amontoado de jogadores a correr de um lado para outro, sem harmonia, com criatividade zero. Não é por acaso. A decadência atual tem origem nos bastidores e reside em dinheiro. Calma lá, nada a ver com atitude mercenária dos atletas, que com razão reclamam de salários atrasados. A questão vai além. Por falta de recursos, a diretoria se vê obrigada a abrir mão de figurões e figurinhas. A debandada conta com Emerson Sheik e Paolo Guerrero. Pode aumentar com Gil, Elias, Renato Augusto. Mais pro fim do ano, com Fábio Santos, Danilo, etc. As dívidas sobem, o fluxo de caixa não acompanha receitas e despesas, os sonhados naming rights do estádio são conversa fiada. Há um fluxo de bom senso na cartolagem, com a redução da folha de pagamentos. No entanto, bom lembrar que Roberto Andrade, presidente atual, faz parte do bloco de Mário Gobbi e Andrés Sanchez. Portanto, a corrente que administra o Corinthians nos últimos anos.  Os desdobramentos vão para o campo. Tite vê o elenco murchar e nas explicações dribla mais do que seus jogadores. Todavia, antes de o barco esvaziar, a estratégia corintiana virou carne de vaca, manjada por todo mundo. Bastou bloquear o meio-campo e a produção despencou.  O Palmeiras havia feito isso nas semifinais do Paulista e repetiu ontem (domingo). Com sucesso, e com desempenho muito bom de Gabriel, Arouca, Kelvin, Valdivia e Zé Roberto. O quinteto mandou no duelo. Se a equipe de Oswaldo de Oliveira está aquém na criação, pelo menos foi mais ligada do que em jogos anteriores. O clássico seguiu a tradição de empurrar a crise para o perdedor. A bronca agora é alvinegra. As piadas também. Desafio. O colombiano Juan Osorio terá trabalho no São Paulo. Muito toque de bola, pouco apetite para o gol. O roteiro se repetiu no empate por 0 a 0 com o Inter, em Porto Alegre. Com um detalhe: os gaúchos entraram com um mistão.  E agora? Robinho deu vida ao Santos, nos 2 a 2 com o Sport. Hoje (segunda), se apresenta à seleção e é baixa por 7 rodadas. Baixa sensível. De quebra, há indefinição sobre contrato.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.