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Por causa da greve dos caminhoneiros, Brasil adia entusiasmo com a Copa do Mundo

Paralisação trava empolgação com a seleção, que chegou à Inglaterra sem recepção da torcida

Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior e Almir Leite/Londres
Atualização:

A greve dos caminhoneiros adiou a euforia dos torcedores com a Copa do Mundo. A torcida está mais preocupada com a crise de abastecimento e a consequente instabilidade política e econômica que se segue do que com o esquema tático da seleção de Tite. Ou com a recuperação de Neymar. Ao contrário do que ocorreu na mesma época nas últimas edições do maior torneio de futebol do mundo, ainda não há clima de Copa no Brasil. E há quem duvide que a euforia vai se instalar. 

+ Participe do nosso quiz sobre a Copa do Mundo+ Após milhares de testes, bola da Copa é aprovada por laboratório suíço A presença da Copa do Mundo em segundo – em terceiro e até quatro lugares – na lista de prioridades do torcedor comum ficou evidente na visita que o Estado fez às ruas do centro da cidade de São Paulo, especialmente à Rua 25 março, maior centro de comércio popular do País. O endereço obrigatório para quem quer comprar todo tipo de bugigangas de Copa do Mundo registrou um movimento 50% menor do que nos dias normais, de acordo com os próprios lojistas.

Lojistas torcem pelo fim da greve para aumentarem vendas na Rua 25 de Março Foto: Gonçalo Junior

A ladeira Porto Geral, sempre entupida de carros, estava vazia no início da tarde. Bandeiras, óculos, colares, chapéus, vuvuzelas – sim, elas estão prontas para voltar –, apitos e camisetas enchem as prateleiras. E, até segunda ordem, vão ficar lá. 

De acordo com Ondamar Ferreira, gerente da maior loja da região, a greve dos caminhoneiros foi um balde de água fria, e o clima de Copa do Mundo só vai começar quando a paralisação acabar.

“Na semana passada, quando o time estava em Teresópolis, as vendas estavam indo bem. Mas a greve esfriou tudo”, diz o vendedor. “Todos nós estamos preocupados. Nossa esperança é que a seleção vá longe”, diz o empresário Pierre Sfeir. Se precisava de pressão, o time de Neymar acaba de ganhar. Jogar bem a Copa pode mudar o cenário. 

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Os poucos torcedores que pararam nas vitrines para analisar produtos reclamaram dos preços e disseram que vão esperar um pouco mais. “Acho que a gente ainda não está com a cabeça na Copa. Está cedo, né? Tem outras coisas na frente”, comentou a cabeleireira Ana Pereira Lima, que estava namorando um colar, mas não o levou. 

A greve dos caminhoneiros pode atrapalhar a Copa do Mundo?

A paralisação dos caminhoneiros é o problema mais urgente, principalmente nas prioridades de consumo, mas não é o único. Victor Melo, coordenador do Laboratório de História do Esporte e do Lazer da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o entusiasmo dos torcedores com a Copa vem caindo.

“No passado, o envolvimento do brasileiro com o evento era maior. Talvez porque grande parte dos jogadores não jogue mais no Brasil, reduzindo-se a identificação. Ou talvez possa ser algum desdobramento da última Copa, quando tivemos algumas decepções, entre as quais um resultado inesquecível (do ponto de vista negativo) em um jogo contra a Alemanha e os inúmeros problemas que ocorreram antes, durante e após o evento, o fracasso da promessa de que esse deixaria um legado ao País”, diz. 

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Atletas. Os jogadores perceberam que algo está diferente. “Esses momentos de dificuldade, com certeza, chegam pra gente. Também nos afeta e afeta nossas famílias”, disse o goleiro Alisson antes do embarque para a Inglaterra. Na sexta, o lateral Filipe Luís declarou que a greve dos caminhoneiros preocupava o grupo, apesar de a delegação não ter enfrentado nenhum tipo de dificuldade ao longo da semana, quando se concentrou na Granja Comary.

A seleção de Tite chegou a Londres de maneira discreta. Do aeroporto de Stansted, onde o elenco desembarcou de um voo fretado, a delegação seguiu direto para o CT da equipe inglesa. Lá, não havia torcedores na porta para receber os atletas.

Greve dos caminhoneiros AO VIVO

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