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Promotor elogia torcidas organizadas

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Por Agencia Estado
Atualização:

O promotor de Justiça Fernando Capez, que conseguiu a extinção das torcidas organizadas em 1995, acredita que graças ao trabalho de aproximação entre a Justiça e as organizadas, tem sido mais rápido e eficaz o trabalho da polícia nos casos de violência entre torcedores. Como ocorre na investigação que apura as causas do espancamento que levou à morte o corintiano Marcos Gabriel Cardoso Soares, de 16 anos, numa briga com palmeirenses, no começo de maio. ?Estou satisfeito com o bom trabalho da polícia. Agora cabe aos acusados se defenderem?, disse Capez, da Promotoria da Cidadania. ?Como melhorou o comportamento das organizadas nos últimos anos, piorou o comportamento de torcedores isoladamente. Em vez de pedir novamente a extinção, passamos a fazer o contrário: reaglutinando os torcedores, eles colaboram passando informações.? O mais recente confronto entre palmeirenses e corintianos ocorreu horas antes do clássico, dia 2 de maio, quando os torcedores se encontraram nas imediações da Estação Barra Funda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Dois dias depois, vítima de traumatismo craniano, o jovem Marcos Gabriel morreu durante uma cirurgia no cérebro. Na segunda-feira, três torcedores do Palmeiras ? Janio Carvalho Santos, presidente da Mancha Alviverde, Alessandro Almeida Borges Ferreira, também da Mancha, e Edmilson José da Silva ? foram presos por co-autoria em crime de homicídio doloso (intencional). E o médico Paulo Shigueru Ishikawa, que assistiu o torcedor e o liberou após os primeiros socorros, foi indiciado por homicídio culposo (não intencional). ?O delegado fez o inquérito, surgiram os indícios (acentuando a palavra). E em razão do depoimento de uma testemunha que afirmou que o Jânio incitou os colegas à agressão a prisão foi decretada.? De acordo com Fernando Capez, Jânio alega que informou a Polícia Militar a respeito do tumulto que se formava na Barra Funda: ?Precisa ver o que de fato aconteceu. Uma testemunha disse que ele foi ao microfone e convocou os torcedores palmeirenses para defenderem outros palmeirenses que estariam brigando com corintianos. Por sua vez, o Janio diz que informou a PM e que as medidas necessárias não foram tomadas.? Não seria o caso então de a Mancha entrar na Justiça contra a PM, por omissão? ?Ao meu ver isso não deve ocorrer?, disse o promotor. Capez é conhecido por ter conseguido, no dia 21 de agosto de 1995, a extinção das torcidas organizadas Independente (do São Paulo) e Mancha Verde (do Palmeiras) depois de batalha travada entre as duas facções no Estádio do Pacaembu. A briga causou a morte de um torcedor. Na mesma época, todas as torcidas organizadas de São Paulo foram proibidas de entrar nos estádios com camisas das facções. ?Na realidade, a intenção não era acabar com as organizadas, mas acabar com as organizadas violentas. Se comparar o que era com o que é hoje, percebemos uma clara mudança. Naquela época, eles ficavam fazendo planos de como atacar, estocavam armas?, lembra Capez. ?Agora a situação é completamente diferente. O próprio (ex-presidente da torcida Mancha Verde, Paulo) Serdan admite hoje que sua mentalidade é outra.? Na avaliação do promotor público, o grande problema hoje está justamente nos torcedores que não fazem parte de nenhuma organizada: ?As torcidas colaboram com o nosso trabalho, nos fornecem informações, cadastro de associados. Assim, a trabalho hoje é no sentido de reaglutinar os grupos de torcedores para que o trabalho de identificação de infratores fique mais simples.?

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