Punições contra a intolerância ainda são tímidas no futebol europeu

Ações de combate à intolerância têm crescido, mas punições são leves

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Por Almir Leite e Raphael Ramos
2 min de leitura

Clubes, associações e jogadores da Europa também têm se engajado na luta contra a discriminação, embora nos estádios do continente vira e mexe surjam manifestações racistas, homofóbicas e xenófobas. Uma dessas iniciativas ocorreu na rodada da semana passada da Premier League: jogadores de diversos clubes entraram em campo com chuteiras amarradas com cadarços coloridos, numa mensagem contra a intolerância. Alguns jogadores do Arsenal foram mais longe: gravaram vídeo em que lembram como são conhecidos. O objetivo foi mostrar que há coisas que não podem ser mudadas, mas é perfeitamente possível modificar e aceitar outras como a diversidade. No vídeo, Theo Walcott diz não poder mudar o fato de ser parecido com Lewis Hamilton; Arteta, de ter um cabelo perfeito; Giroud, sua beleza; Chamberlain de ser parecido com uma das Tartarugas Ninjas do desenho; e o baixinho Cazorla, o seu tamanho. "O vídeo é um olhar despreocupado sobre coisas que não podemos mudar'', disse Arteta. "Mas a discriminação no futebol não pode ser tolerada e queremos trabalhar juntos para mudar isso.'' A Uefa tem campanhas oficiais contra a discriminação – uma delas é a resumida na frase "tolerância zero contra o racismo" – e recentemente, ao discursar na Conferência de Respeito à Diversidade da Uefa, realizada em Roma, seu presidente, Michel Platini, foi enfático ao tratar do assunto: "O dever do futebol por ter tantos seguidores no mundo é transmitir valores que possam ajudar a sociedade a ser mais tolerante com a diversidade. Tem de ser um exemplo'', disse. No entanto, na prática a entidade tem sido branda com clubes cujo torcedores saem da linha. Basicamente, aplica multas e determina que façam jogos com portões fechados. Foi o que ocorreu com o CSKA, da Rússia. Em dezembro passado, parte de seus torcedores entoaram gritos xenófobos e exibiram símbolos de extrema direita num jogo com o Vitktoria Plzen, da República Checa, pela Liga dos Campeões. Dois meses depois, a Uefa julgou o incidente, aplicou multa de 50 mil euros (cerca de R$ 152,4 mil) ao CKSA e o condenou a jogar a presença de público uma partida por qualquer competição europeia. O Villarreal também foi punido com multa (12 mil euros, ou R$ 36,5 mil) pela Real Federação Espanhola, por causa do torcedor que atirou uma banana em direção ao brasileiro Daniel Alves (que a comeu) durante jogo com o Barcelona. Nesse caso, pelo menos, o clube foi rigoroso com o torcedor: identificado, ele foi proibido de entrar no estádio El Madrigal pelo resto da vida. A Fifa tem feito uma cruzada contra a discriminação, com enfoque principal no racismo, e cobrado punição a clubes e federações que não sejam rigorosos com atos condenáveis de seus torcedores. Na Copa do Mundo do Brasil, lançou a campanha "Diga Não ao Racismo'', e recorreu a vários jogadores, entre eles os brasileiros Neymar, David Luiz e Dante, para difundi-la. Talvez por não estar sendo atendida em seus pedidos de rigor, a Fifa comemorou bastante a exclusão do Grêmio da Copa do Brasil por causa do episódio em que o goleiro Aranha se viu envolvido. O chefe da comissão antirracista da entidade, Jeff Webb, disse que o Brasil havia "dado o exemplo''. O presidente Joseph Blatter considerou que o País "enviou a mensagem certa" à comunidade do futebol. "Eu já disse que o futebol deve ser mais forte na luta contra o racismo. O Brasil fez isso.''