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Queda de Juvenal amplia racha político no São Paulo

Outros diretores podem cair; Marco Aurélio Cunha é cotado para assumir Cotia, mas não deve aceitar eventual convite

Por Fernando Faro
Atualização:

A demissão de Juvenal Juvêncio do cargo de diretor das categorias de base do São Paulo estourou a bomba que mantinha o ambiente interno minimamente aceitável e mergulhou o clube na mais grave crise política de sua história. O afastamento, comunicado em curta nota para a imprensa, foi o golpe final na ofensiva que tirou o ex-presidente do núcleo de poder. Além de Juvenal, foram demitidos o gerente do CT de Cotia, José Geraldo de Oliveira, e Marcos Tadeu, diretor. Eliminar Geraldo era desejo antigo de Aidar, que considerava o ex-gerente um dos maiores entraves para que o centro de formação da base revelasse mais jogadores. A reação foi imediata e o vice-presidente Roberto Natel se afastou do cargo, nem sequer participou da reunião convocada por Aidar ontem no Morumbi. Ao sair, criticou duramente a forma como o presidente está conduzindo a política interna e considerava uma traição a forma como estava tratando Juvenal, responsável direto por sua ascensão à presidência. O ex-presidente também rompeu o silêncio e disparou a metralhadora contra o ex-pupilo. Juvenal foi ao ataque e disse que Aidar faz uma gestão “horrível” e que pode fazer o Tricolor pagar caro no futuro.

SÃO PAULO 16/04/2014 ESPORTES ELEIÇÃO SÃO PAULO F.C - ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE NO SÃO PAULO F.C NA FOTO LECO, JUVENAL JUVENCIO CARLOS MIGUEL AIDAR FOTO ALEX SILVA/ESTADAO Foto: Alex Silva/Estadão

“O Carlos Miguel é um predador e vai acabar com o São Paulo. Ele está demitindo todo mundo como um maluco para acomodar aqueles que compactuem com isso”, disse Juvenal, que não poupou o presidente. “Ele fez isso para dizer que me demitiu. Vai demitir um a um para acomodar essa gente que compactua desse absurdo que ele cometeu. Ele demitiu funcionários humildes.” A reunião que selou a demissão de Juvenal aconteceu no início da tarde e foi, de acordo com relatos de funcionários do clube, extremamente tensa. Segundo as fontes ouvidas pelo Estado, as duas partes se exaltaram e trocaram ofensas e gritos. “A traição é um processo terrível do ser humano. Ele está traindo todos que o apoiaram. É o mais vil dos pecados. Cometi um erro terrível em levá-lo de volta ao clube, abdiquei da minha saúde para elegê-lo”, emendou o ex-presidente. A justificativa do presidente foi que Juvenal vazava informações para a imprensa e ainda tentava mandar no clube. A gestão em Cotia também era alvo de críticas – Aidar estava insatisfeito com a forma “independente” do ex-presidente comandar o departamento, sem dar satisfações. A justificativa de Juvenal é bastante diferente. “Agora ele quer aprovar um projeto de cobertura do Morumbi que ninguém sabe qual é, quem são as empresas, quanto custa, nada! E quer fazer isso com maioria simples, querem aprovar um pacote fantasma. Eu disse para ele, ‘Carlos Miguel, você está fazendo um tratamento de beleza e acho que os remédios estão afetando seus neurônios. Você está muito mal, um desastre. Ele quer cobrir um estádio que ele disse que precisava ir para o chão.”’SOMBRIO O futuro, por ora, é nebuloso. Outros diretores aliados de Juvenal podem ser demitidos ou então entregar o cargo; segundo o ex-presidente, até a comissão técnica corre risco. “É capaz dele querer demitir o Muricy porque ele não aceita aquele monte de jogadores que o Carlos Miguel tenta empurrar. Lá, todo mundo sabe. Ele é um maluco”, emendou. Apesar de Aidar ter máquina de governo a seu favor, Juvenal ainda é extremamente forte no Conselho Deliberativo e sua influência pode ser determinante até para um eventual segundo mandato. Por enquanto, o presidente ainda sai perdendo se for para o choque com o ex-aliado, mas tenta se aproximar da oposição e começa a costurar acordos para tentar minar a força de Juvenal nos bastidores. Um dos que mais se aproximaram de Aidar foi justamente Marco Aurélio Cunha, derrotado na eleição presidencial deste ano e crítico de Juvenal. Seu nome é um dos mais comentados para assumir justamente a cadeira do desafeto, mas por ora ele está reticente com a ideia; é o futebol profissional que o atrai. No entanto, um convite no futuro pode seduzi-lo. O clima é de incerteza no Morumbi. Apesar das polêmicas no fim do mandato, Juvenal era adorado pelos funcionários e pelos jogadores, que estão inconformados com a forma como ele foi tratado por Aidar. O presidente precisará ser um ás político para virar o jogo.

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