Sete mil operários podem morrer nas obras da Copa até 2022

Alerta é da Confederação Internacional de Sindicatos sobre o Catar

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Por JAMIL CHADE e CORRESPONDENTE EM GENEBRA
Atualização:

Sete mil trabalhadores poderão morrer até o pontapé inicial da Copa do Mundo em 2022, no Catar, caso o ritmo de vítimas e acidentes nas obras para o torneio não baixar. O alerta é da Confederação Internacional de Sindicatos (ITUC) que, em um informe oficial, apontou para os problemas na preparação do evento mais polêmico da histórias das Copas.

Segundo o estudo, as empresas de construção no Catar vão obter uma receita de US$15 bilhões (R$ 57,7 milhões) com as obras de estádios e infraestrutura, usando um total de 1,8 milhão de trabalhadores durante os 12 anos de preparação, entre 2010 e 2022. Sem conseguir convencer o governo do Catar ou a Fifa a mudar as leis trabalhistas locais, os sindicatos optaram por denunciar as empresas, muitas delas ocidentais.

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As obras estão sendo realizadas por grupos como a ACS (Espanha), Bechtel (Estados Unidos), Besix (Bélgica), Bouygues (França), Carillion (Reino Unido), CCC (Grécia), Ch2M Hill (EUA), CIMIC (Austrália) ou Hochtief (Alemanha).

"Todo o CEO operando noCatar sabe que os lucros ocorrem graças aos salários baixos que são pagos e que esses lucros também resultam em mortes", alertou Sharan Burrow, secretário-geral do sindicato. 

Em sua avaliação, dezenas de casos de mortes de trabalhadores não estão sendo calculadas. "O governo se recusa a publicar o número de vítimas ou as causas de mortes", disse o sindicalista. Segundo ele, uma projeção inicial era de que 4 mil operários morreriam até 2022. Mas ele revela que os serviços de emergência dos hospitais estão recebendo 2,8 mil pessoas por dia, 20% a mais que em 2014. Esse aumento estaria ligado às obras.

"A taxa de fatalidade é acima de mil trabalhadores por ano", denuncia o sindicalista. "Até 2022, serão 7 mil", insiste. Outro problema é questão dos salários. "No projeto do estádio Khalifa, um marco da Copa, trabalhadores ganham US$ 1,50 (R$ 5,7) por hora", denunciou.Diante da recusa da Fifa e do governo em lidar com a crise, o grupo pede que as empresas aumentem os pagamentos, criem um salário mínimo e façam inspeções de segurança.

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