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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Solução mediana

Por Antero Greco
Atualização:

Cristóvão Borges não era o primeiro nome na lista da direção para substituir Tite no comando do Corinthians. Nem o segundo, tampouco o terceiro ou o quarto. Tornou-se afinal a alternativa viável, diante das negativas de alguns colegas dele ao convite feito pelo clube. E despontou como a solução possível no momento, pois havia emergência para preencher a vaga. Não significa, de antemão, escolha ruim ou experiência destinada ao fracasso. O novo professor alvinegro não tem currículo semelhante ao do anterior, mas olhá-lo com prevenção não contribui para análise justa. Torcedores e cartolas agirão bem se evitarem comparações com Tite; assim, diminuem a ansiedade e, por extensão, aumentaram a tolerância. Caso contrário, não fica até o Natal... Cristóvão é saída mediana para assumir grupo idem. O elenco do campeão brasileiro hoje está abaixo daquele do ano passado, pelos motivos já conhecidos e sovados: o desmanche, a debandada geral, etc. O processo de reconstrução tocado por Tite andava em ritmo normal, com progressos e solavancos; não havia carta escondida na manga. O clube não tem superastros, e um dos maiores segredos do sucesso se encontrava justamente no banco de reservas, na figura do técnico, com o carisma e a competência que lhe sobram. Ele foi embora, página virada e homenageada até na camisa – como na partida de ontem com o Botafogo. Restou para Cristóvão pegar o barco em alto mar, com marujos disponíveis. A tripulação não é extraordinária; todavia, não se pode considerá-la sem qualidade. O valor da trupe alvinegra ficou evidente nos 3 a 1, em casa, depois de duas derrotas seguidas, e no retorno ao bloco principal na classificação. Cristóvão viu o jogo das tribunas e não há muito a inventar. O caminho a seguir foi mostrado pelo interino Fabio Carille, com variações em torno do mesmo tema. O meio-campo e o ataque mudaram outra vez, na perseguição insistente de se alcançar equilíbrio. Dessa vez, com Rodriguinho ao lado de Bruno Henrique (o destaque, com dois gols), além de Guilherme e Marquinhos Gabriel, com Romero e Lucca à frente. A toada foi semelhante à de apresentações anteriores e não surgiram tantas oportunidades. A dupla mais avançada recebeu poucas bolas em condições de concluir a gol, problema que se arrasta. Tite não encontrou a fórmula e deixou como herança para Cristóvão a missão de resolver a carência na construção de jogadas e na referência na área. Até agora ninguém aprovou: Lucca, Romero, Luciano, André. Todos tratam de firmar-se, todos correm risco de queimar-se e fica no rodízio. Para alívio geral, prevaleceu a vitória, sobre um rival – limitado, é verdade –, mas que deu trabalho e que ocupa posição injusta na parte da baixo da tabela. Cristóvão tem a grande chance na carreira, apesar de chegar ao Corinthians em tempos de vacas magras. Deve saber em que aventura se meteu, tomara tenha pesado pós e contras. Se vingar num clube com tanta pressão e visibilidade, as portas do mercado ficar-lhe-ão escancaradas. (Ora, e o cronista sabe usar mesóclises, como aprendeu no Liceu Coração de Jesus nos tempos do professor Trivinho.)Tricolor trava. Bola dentro do São Paulo foi a contratação de Calleri. Se o argentino vai embora na janela europeia, não se sabe; certo é que resolve e se tornou artilheiro da equipe na temporada. Marcou ontem os gols no empate por 2 a 2 com o Flamengo e foi expulso por reclamação – e por excesso de protagonismo do árbitro. Enquanto esteve em campo, foi um dos melhores no bom clássico disputado no Mané Garrincha. O São Paulo outra vez viu escapar vitória por desatenção no sistema defensivo. E só não voltou para casa sem ponto porque Alan Patrick chutou para fora pênalti aos 47 do segundo tempo. Importam dois aspectos para Edgardo Bauza e sua rapaziada: a equipe se mantém na parte de cima, ronda o G-4. E aos poucos reacelera e cresce para a disputa, em julho, das semifinais da Libertadores. 

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