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Técnicos vizinhos não conseguem emplacar no futebol brasileiro

As poucas experiências recentes com argentinos fracassaram

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Por Almir Leite
Atualização:

O bom conceito que os técnicos argentinos têm no futebol mundial, comprovado também pelo fato de muitos deles fazerem sucesso em equipes da Europa, não se aplica ao futebol brasileiro. São raras as vezes em que um clube do Brasil se interessa por um treinador do país vizinho. Quando isso acontece, dificilmente chega-se a um acordo. E quando um argentino é contratado para comandar um time brasileiro, invariavelmente não dá certo. O caso mais recente envolveu Ricardo Gareca e o Palmeiras. Na temporada passada, o treinador foi uma aposta do presidente Paulo Nobre para tentar levar a equipe a uma posição ao menos razoável no Campeonato Brasileiro. Com um elenco fraco e uma confessa dificuldade de adaptação ao futebol brasileiro ­- após uma derrota para o Corinthians no Itaquerão, por exemplo, admitiu ter se assustado com as cobranças e até com quantidade de jornalistas que acompanham diariamente o clube, bem menor do que estava acostumado quando trabalhava no Vélez Sarsfield -, não durou nem três meses. Gareca foi demitido após apenas 13 partidas, nas quais o Palmeiras obteve apenas quatro vitórias, um empate e foi derrotado oito vezes. E corria grande risco de rebaixamento no Brasileiro. Ele não conseguiu nem esquentar o lugar, vítima que foi dos resultados (ou dá falta deles). "O Gareca é um excelente técnico, vitorioso na Argentina. Infelizmente o resultado não chegou a tempo. A longo prazo, o Gareca daria certo aqui. Mas mudar depois poderia ser tarde'', justificou Paulo Nobre. Curiosamente, Gareca não teve tempo num clube que, ao longo de sua história havia sido treinado por cinco argentinos, o mais conhecido deles Nelson Filpo Nuñez, que passou pelo clube em três ocasiões, inclusive na época da Academia, fez sucesso, conquistou títulos e até hoje é lembrado. "El Bandoneón'' dirigiu o time em 154 ocasiões, com 94 vitórias, 27 empates e 33 derrotas. Filpo Nunez teve vez no passado. Uma época em que outros argentinos também puderam ter situação estável no comando de clubes brasileiro. Foi o caso de Armando Renganeschi, que treinou o São Paulo em 1958 e de 1965 a 1967 esteve no Flamengo, e de Jim Lopes, que na década de 50 do século passado trabalhou no Palmeiras, Portuguesa, Juventus, São Paulo e Corinthians. Antes de Gareca, duas outras experiências, nem tão recentes, deram em nada. Daniel Passarela teve uma meteórica passagem pelo Corinthians em 2005. Em 1985, Omar Pastoriza treinou Grêmio e Fluminense. No Sul ainda trabalhou por alguns meses, mas no Rio praticamente não desfez as malas. Ficou menos de um mês.

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