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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Trem da história

Carille tem chance de deixar a retaguarda e assumir papel de protagonista no Corinthians

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Por Antero Greco
Atualização:

Fabio Carille é daqueles personagens com função importante no futebol e que costumam ficar à sombra. Funcionário do clube, tem a missão de colaborar com o técnico do time profissional. Observa o elenco, analisa adversários, troca impressões com o professor, sugere estratégias e... fica à margem de eventuais conquistas. Respeitado internamente, só aparece para o grande público para apagar incêndios. 

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Caso no qual Carille se encaixa à perfeição, na noite desta quarta-feira. E, de cara, em jogo decisivo. O Corinthians está praticamente fora da briga pelo hepta do Brasileiro e tem a Copa do Brasil como boia de salvação para salvar a temporada. 

A tarefa não apresenta aspectos inusitados ou insuperáveis: trata-se de clássico com o Fluminense, com o qual empatou por 1 a 1 na ida. Empate por 0 a 0 garante passagem para as quartas de final. Simples. Seria jogo como milhares na história alvinegra – importante, claro, mas nada do outro mundo.

As circunstâncias pesam. O Corinthians vive mais um momento conturbado, com a troca de comando e com pressão da torcida. Além do quebra-pau nas arquibancadas de Itaquera, no fim de semana, representantes de setores radicais da torcida foram à sede do clube, no Parque São Jorge, para reafirmar disposição de esquentar o ambiente.

Dá para imaginar o clima com o qual os jogadores toparão ao entrar em campo. Fora as dúvidas a rondar-lhes a cabeça. Haverá tolerância para erros? Ocorrerão atos hostis, na hipótese de eliminação? Será promovida caça às bruxas, como de certa maneira aconteceu com Cristóvão? E assim por diante.

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Carille surge como franco-atirador, e isso pode ser útil para ele e para o grupo. Como a diretoria não o garante para 2017, peso enorme lhe sai das costas. Mas, como sonha com trilha semelhante à de Zé Ricardo – de interino a estrela em ascensão no Fla –, espera marcar a passagem pelo cargo. 

Para tanto, recorre a discurso sereno e seguro. Além de mexer na equipe. Para início de conversa, Cristian e Lucca deixaram a formação titular. Vílson e Uendel também não treinaram. Só aí são quatro mudanças em relação à derrota por 2 a 0 para o Palmeiras. Carille sabe que o trem da história passa para ele agora; se o perder, estará fadado a continuar com o trabalho de bastidor.

O negócio é agarrar o boi à unha.

MAIS BOIA... A Copa do Brasil não é alternativa para salvar o ano só do Corinthians. O raciocínio se ajusta ao Flu, também, e a outros 11 concorrentes das oitavas de final. Por enquanto, dá para Palmeiras, Santos e Atlético-MG levarem em banho-maria, por brigarem pelo prêmio maior, o título da Série A. 

Além disso, palestrinos deram grande passo para a classificação, com os 3 a 0 no Botafogo-PB em casa. Os santistas vão ao Rio enfrentar o Vasco com os 3 a 1 a favor na bagagem. O Galo corre algum risco, ao ter ficado no 1 a 1 com a Ponte, em Campinas. Não é por acaso que Cuca e Dorival Júnior avaliam os riscos de pouparem titulares. 

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A Copa do Brasil surge como boia, tábua, bote salva-vidas, ou seja lá qual outro termo equivalente, para o São Paulo. No Brasileiro, não há o que almejar, exceto flanar por posições intermediárias. O risco de queda existe, na matemática; na prática, se distancia, tal a ruindade de outros concorrentes firmes para a Série B. 

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Resta a busca de taça inédita como conforto para Ricardo Gomes e trupe. Consolo nada fácil. Os 2 a 1 sofridos no Morumbi para o Juventude assombram para a empreitada de amanhã em Caxias do Sul; daí a necessidade de apelar para força máxima. Os obstáculos no caminho do tricolor são dois: um, objetivo, os gaúchos empolgados. Outro, subjetivo, a inconstância. A equipe dá uma no cravo (vitórias sobre Figueirense e Cruzeiro), outra na ferradura (derrota para o Furacão). Precisa convencer-se de que tem capacidade para driblar as situações adversas.

Nessa linha de raciocínio, a Copa é a esperança do Inter. Frequentador da zona de rebaixamento, leva para Fortaleza o conforto de 3 a 0. Mas...