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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Vida que segue

Por Antero Greco
Atualização:

Muito comum técnicos e jogadores reclamarem de calendário. Pesado, mal dá tempo para recuperação, estrangula folgas e treinos, apressa etapas de tratamento de contusões, desgasta pelas viagens e pelos dias longe da família. Uma maratona, enfim. Lamúrias, até justas, e conhecidas de cor e salteado pelos torcedores.

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Mas o encavalamento de desafios em certas ocasiões ajuda a fechar feridas morais. Ou ao menos desvia a atenção do público para determinados fiascos. Pegue o São Paulo, por exemplo. No meio da semana, caiu do trem da Libertadores, ao falhar nos pênaltis diante do Cruzeiro. 

Embora tivesse ido além do que se supunha, após os engasgos da primeira fase, ficou o gosto amargo da decepção. Por mais que houvesse problemas e limitações, se acreditou na perspectiva de crescimento e embalo, desde que superasse o bicampeão brasileiro. Ilusão. A turma de Milton Cruz chegou aonde lhe permitiam suas forças. Nem dá par culpar as penalidades desperdiçadas por Souza, Luís Fabiano e Lucão.

O lado menos ruim do fracasso está na dinâmica da programação do clube. O São Paulo não pôde lamber feridas e já topa com a necessidade de tocar a vida no Brasileiro. O obstáculo de hoje é a visita à Ponte Preta, em Campinas. Milton conseguiu dar breves orientações, no retorno de Belo Horizonte, mexeu aqui e ali, manteve a estrutura da equipe e já se vê na obrigação de ganhar para contornar a maré alta. 

A ausência de pausa tem o aspecto positivo de mandar a dor para escanteio. Não é bom curtir fossa em demasia e ficar no coitadismo não resolve crises; só empaca a vida. Em contrapartida, o acúmulo de compromissos força o grupo a buscar a volta por cima sem respirar direito. Entre uma e outra, preferível a segunda e bola pra frente. 

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Eis o ponto. O São Paulo precisa definir-se, dentro e fora de campo. De preferência, começar pelo comando. A diretoria não pode manter a lengalenga de incerteza em torno de técnico. Por mais que insistisse no apoio público a Milton, jamais soou convincente. Desde a saída de Muricy Ramalho, está à procura de substituto; só resolveu fazer pausa enquanto durasse a aventura na Libertadores. Com a desclassificação, voltou a falar em alternativa.

A partir da escolha de novo chefe, recomeça a montagem do time. Que terá baixas no meio do ano ou início do segundo semestre. A saída de Rogério Ceni é iminente – e um baque. Alterações podem ocorrer no meio-campo, por causa do mercado internacional, e no ataque há nuvens em torno do futuro de Luís Fabiano. O atacante anda pouco satisfeito com o entra e sai da escalação, assim como o clube não parece contente com a produção dele.

Há arestas demais no São Paulo. A hora é oportuna para um acurada avaliação geral. Bom botar a mão na consciência, desempinar o nariz e tocar um projeto realista e consistente. Caso contrário, 2015 vai juntar-se aos anos de seca – que se avolumam desde 2009 – e perda de protagonismo.

Quando fica pronto? O Palmeiras contratou quase duas dúzias de jogadores, disputou mais de 20 jogos e ainda não tem um time que o torcedor possa escalar como principal. As experiências de Oswaldo de Oliveira prosseguem, nem sempre com resultados interessantes. Descontadas contusões e suspensões de praxe, já são quatro meses de trabalho. 

No jogo com o Joinville, no começo da noite de hoje (e outra vez ignorado pela tevê aberta), novamente haverá alterações em relação aos 5 a 1 sobre o Sampaio Correa. Tomara Osvaldo chegue logo à formação ideal; caso contrário, ficará com a pecha de Professor Pardal, personagem simpático nos quadrinhos, porém apelido pejorativo no futebol.

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Sem ilusão. O Santos recebe o Cruzeiro. Que bom, dirá o otimista, os mineiros estão com a cabeça na Libertadores e vêm com meia boca. Cuidado, é pegadinha como a do Galo, que usou mistão contra o Palmeiras e por segundos não venceu. 

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