Andrés rebate presidente palmeirense e ressalta: 'Nem sempre o dinheiro ganha'

Presidente do Corinthians responde ao dirigente palmeirense sobre reclamações após o clássico

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Por Daniel Batista
Atualização:

Andrés Sanchez precisou de pouco mais de dois meses para garantir o primeiro título no retorno ao comando do Corinthians. Amado por alguns torcedores e odiado por outros, o polêmico presidente corintiano escreve mais um capítulo em sua conturbada história. E para não transformar a festa em uma tragédia, preferiu ser comedido na comemoração no Allianz Parque após a conquista do título paulista com vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras no tempo normal e depois por 4 a 3 na disputa por pênaltis.

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O dirigente revelou que pediu aos jogadores do Corinthians, especialmente ao capitão Cássio, para não fazerem muita festa em campo, nem dar volta olímpica. "Não deixei dar voltar olímpica por respeito ao Palmeiras e por não ter torcida corintiana presente no estádio", avisou. Polêmico, o dirigente aproveitou a conquista do Campeonato Paulista para ironizar o dinheiro gasto pelo rival na montagem do elenco da temporada, e de outras, e ainda respondeu as declarações do presidente alviverde Maurício Galiotte.

Andrés Sanchez rebate Maurício Galiotte após final do Paulistão Foto: Alex Silva/Estadão

"O Maurício está chorando, mas é duro mesmo, não pode reclamar. Ele não pode falar que é Paulistinha. Era Paulistão até ele perder", respondeu ao palmeirense, que menosprezou a importância do Estadual.

Andrés passou os últimos dias apontando o rival como favorito ao título e creditava isso à qualidade do elenco e diferença financeira no orçamento. Neste domingo, usou o mesmo argumento para comemorar. "Eles eram os favoritos e vinham para ganhar mesmo. Mas às vezes o favorito não vence e nem sempre o dinheiro ganha no futebol."

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O apoio da torcida na sexta-feira, quando lotou a Arena Corinthians em um treinamento aberto, também foi algo bastante destacado pelo mandatário alvinegro. "Ganhar um título é sempre importante, mas ganhar um título aqui é ainda mais. Quero agradecer aos torcedores, que foram ao treino na Arena, na sexta, porque aquilo foi um grande ânimo para a gente conquistar o título", contou.

A decisão teve como principal polêmica a marcação de um pênalti pelo árbitro Marcelo Aparecido de Souza, mas que mudou de ideia minutos depois e fez com que os palmeirenses se revoltassem em campo. O Corinthians foi contra a implementação do VAR (árbitro de vídeo) no próximo Brasileirão por entender que a forma com que seria feito ainda não estava clara e pelos altos custos envolvidos.

Apesar disso, Andrés, que achou que não foi pênalti no lance, acredita que o uso da tecnologia poderia ter evitado tanta confusão. "Se o quarto árbitro entendeu que tinha de voltar e avisar que não tinha sido pênalti, faz parte do processo. Perder e chorar é duro", ironizou. "A partir do momento que definir como o árbitro de vídeo pode participar, eu apoio. Mas tem de ter regras", completou.

MAIS UM PARA A HISTÓRIA O fato é que o título conquistado em pleno Allianz Parque é mais um capítulo da história de Andrés no Corinthians. O presidente está de volta ao cargo, segundo o próprio, por um apelo popular. Ele jura que não queria mais assumir a função, mas a sua chapa, Renovação e Transparência, pediu que reconsiderasse a ideia, pelo fato de não ter outros nomes fortes para tentar o pleito no início do ano.

Após uma eleição recheada de denúncias - nenhuma comprovada por enquanto -, Andrés voltou ao cargo, que deixou no fim de 2011, com uma missão menos complicada em comparação a sua primeira passagem no clube, mas longe de ser confortável.

Sem centroavante e lateral-esquerdo em condições de serem titulares, com a Arena Corinthians cheia de dívidas e o clube em dificuldades financeiras, Andrés precisava encontrar formas de manter o time em alto nível após um ano acima da média - com a conquista do Paulista e do Campeonato Brasileiro - e mostrar que é melhor que seu antecessor, Roberto de Andrade.

Para "colocar ordem na casa", como ele mesmo disse, apostou em velhos conhecidos. Duílio Monteiro Alves voltou para comandar o futebol e Luis Paulo Rosenberg também retornou para fazer o marketing do clube voltar a funcionar de forma intensa e resolver - ou tentar - a engenharia financeira da Arena Corinthians. Todos cientes de que os resultados em campo influenciariam na paciência da torcida para as mudanças.

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A influência de Andrés Sanchez no atual elenco corintiano foi bem pequena. Na prática, entre as novidades que ocasionaram alguma alteração na equipe alvinegra, a única novidade foi a presença do lateral-esquerdo Sidcley, que chegou do Atlético-PR, trocado pelo volante Camacho.

Nos bastidores, a importância do presidente foi passar tranquilidade para Carille e seus comandados de que nada seria alterado. A base do time campeão brasileiro seria mantida, pelo menos em seus primeiros meses de mandato. Existia a dúvida sobre a manutenção do gerente de futebol, Alessandro Nunes, que é muito querido pelos atletas, e também o risco da negociação de alguns jogadores. Tudo foi mantido e nos bastidores o dirigente ainda fez de tudo para que os problemas financeiros que atingem o clube não contaminassem o elenco.

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