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Bahia com pressa

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Por REGINALDO LEME
Atualização:

Foi descer em Salvador e ver que estamos uma hora atrás do horário brasileiro de verão para procurar uma explicação para isso. Aí, você ouve várias respostas: não há necessidade por que o verão aqui dura o ano todo até uma bem-humorada explicação que diz que fora daqui já são 5 horas, aqui ainda são 4, mas estamos chegando lá devagar! Pois é. Apesar disso, hoje tem corrida nas ruas de Salvador. É a Stock Car na reta final da decisão do campeonato, que tem Rubens Barrichello na liderança e, pelo menos, outros doze pilotos com chances matemáticas de brigar pelo título.Aqui, a corrida é normal, dividida em duas etapas (largadas às 15h e às 16h), com pontuação maior na primeira bateria de 40 minutos e menor na outra, de 20. Em duas semanas, em Curitiba, a corrida será única e com pontuação dobrada - da mesma forma que a decisão da Fórmula 1. Mas, para fazer justiça, a regra foi estabelecida antes na Stock Car.Certamente é uma regra discutível. Na frieza dos números, vai sempre atingir seu objetivo de evitar que o campeão seja conhecido antes da última etapa (a chance de falhar é mínima). Mas, do lado esportivo, pode provocar injustiça. Se Nico Rosberg vencer a corrida de Abu Dabi e Lewis Hamilton não for o segundo colocado, o alemão será campeão. E legítimo, por ter vencido dentro das regras estabelecidas. Mas o resultado do campeonato será injusto em relação ao piloto que somou mais vitórias e liderou a maior parte do ano. Portanto, se isso acontecer, a regra da pontuação dobrada terá causado uma distorção no histórico da temporada. Para usar o exemplo que me deu o Cleber Machado quando o entrevistei no Linha de Chegada, do SporTV, é como o segundo colocado no Brasileirão chegar à rodada final cinco pontos atrás do líder, vencer o jogo e somar seis pontos em vez de três, enquanto o líder tropeça, perde o jogo e o campeonato. Há diferenças fundamentais, mas vale o exemplo. Não há como negar que a F-1 encontrou nisso uma forma de se proteger contra o que vinha acontecendo na época de domínio da Red Bull e Vettel. Mas eu sou da opinião de que, se fosse para adotar pontuação dobrada, a melhor ideia era a de Bernie Ecclestone que as equipes não toparam. Ele queria que isso fosse aplicado em três corridas durante a temporada, e não apenas na última. Poderiam ser escolhidos os circuitos mais clássicos e interessantes, com possibilidades de ultrapassagem, como Silverstone, Spa-Francorchamps e Interlagos.A pista travada de Abu Dabi é uma das mais inadequadas para isso. Pela grande dificuldade para ultrapassar, decidir o título assim é dar chance para um resultado injusto. Quem pode falar disso melhor do que ninguém é Fernando Alonso, que em 2010 precisava de um quarto lugar para ser campeão, mas permaneceu 40 voltas atrás do russo Vitaly Petrov sem conseguir passá-lo.

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