Bicampeão mundial juvenil, Pablo Furlan é 'joia' do atletismo paralímpico do País

Paratleta de apenas 17 anos se destacou nas Paralimpíadas Escolares no ano passado

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Por Rafael Franco
Atualização:

Com apenas 17 anos de idade, o atleta paralímpico Pablo Furlan tem nome e sobrenome que fariam aficionados em futebol, principalmente os mais velhos, se lembrarem de Pablo Forlán, que enumerou títulos importantes com a camisa do Peñarol e se firmou como ídolo do futebol uruguaio. Não existiu, porém, nenhuma inspiração dos pais do garoto na trajetória do ex-jogador, que também ergueu taças com a camisa do São Paulo, para batizar o menino nascido em 17 de abril de 2000.

Além do nome parecido, a única coisa que Pablo tem em comum com o ex-lateral, pai do também ídolo uruguaio Diego Forlán, é a raça que exibe como esportista e a determinação que desde cedo precisou mostrar para superar as barreiras que a sua condição de deficiente físico lhe impuseram. 

Pablo Furlan é uma das promessas do Brasil. Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

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Hoje considerado uma "joia" a ser lapidada no atletismo paralímpico brasileiro, Pablo já é bicampeão mundial juvenil da classe T13 (baixa visão) com os ouros que ganhou nas provas dos 100 metros e do salto em distância no ano passado, na Suíça. Com apenas de 20% a 30% de visão, ele antes disso foi um talento descoberto em sua escola quando tinha 13 anos e também driblava a sua deficiência jogando futebol com os amigos.

Para ingressar na escola, porém, Pablo precisou contar com a perseverança e confiança da mãe em seu potencial após ser vítima de preconceito, que ele admite ser muito comum com muitos garotos que levam uma vida reclusa pelo simples fato de serem portadores de deficiência e consequentemente serem excessivamente resguardados pelos pais.

"Graças a Deus minha mãe sempre me tratou como uma pessoa normal e nunca me escondeu. E muitas mães acabam escondendo em casa as crianças com deficiência que poderiam estar praticando o futebol e o atletismo, assim como aconteceu comigo. A minha maior dificuldade foi na escola. Quando entrei na 1ª série, disseram que eu não poderia ler e escrever pela minha deficiência, mas minha mãe 'bateu o pé', aumentou as letras para que pudesse as enxergar e eu aprendi a ler e escrever", afirmou Pablo, em entrevista ao Estado, na qual também lembrou que está prestes a começar uma faculdade. "Finalizei o ensino médio e já estou matriculado em um curso de educação física na universidade Anhanguera", completou.

O jovem atleta paralímpico vai completar 18 anos no próximo dia 7 de abril e disputa o Circuito Loterias Caixa, que é o mais importante evento paralímpico nacional de atletismo, natação e halterofilismo, desde os 14 anos. Atualmente, ele treina na Fundação de Amparo ao Esporte do Município de Araraquara (Fundesport), que fica a 35 quilômetros de Matão, cidade onde mora no interior paulista.

No ano passado, além de ser bicampeão mundial, Pablo se destacou nas Paralimpíadas Escolares, fato que o levou a ser selecionado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para participar de um camping no moderno CT da entidade, em São Paulo, onde 37 adolescentes, sendo 17 do atletismo e 20 da natação, se reuniram entre os dias 21 de janeiro e 5 de fevereiro. No período, Pablo recebeu o tratamento especial da entidade, que com este seu novo projeto visa garimpar potenciais medalhistas para os Jogos de Tóquio-2020 e Paris-2024.

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"Foi muito legal, uma grande oportunidade e uma ótima iniciativa do CPB. Apesar de eu já estar sempre competindo com adultos no alto rendimento, foi importante ver como os atletas da seleção treinam no alto rendimento, trabalhando em dois períodos. E é sempre importante estar com os atletas da nossa idade. Isso faz a gente crescer como atleta e evoluir cada vez mais. E lá aprendemos como o atleta precisa ter responsabilidade", ressaltou Pablo, que aposta que o projeto terá papel fundamental para fazer o Brasil crescer como potência do esporte paralímpico.

"Vai ser muito importante, pois o CPB vai estar cuidando mais da base e, quando chegar mais futuramente, eles (do comitê) terão um controle mais específico sobre alguns e vão fazer os atletas evoluírem mais rápido, formando novos campeões. Hoje, no esporte paralímpico, o Brasil já é uma potência e o atletismo do País também é. Fui campeão mundial no ano passado e o meu objetivo agora é estar na Paralimpíada de Tóquio", projetou.

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