PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

(Viramundo) Esportes daqui e dali

Céu azul. De novo

Por Antero Greco
Atualização:

Choveu muito em BH (que inveja!), o campo ficou pesado, o Goiás deu trabalho danado, a vitória por 2 a 1 foi apertada. Mas tudo compensou: no apito final de Paulo Henrique Bezerra, o Cruzeiro fez a festa, no Mineirão lotado, por mais um título do Brasileiro, o segundo em seguida, o quarto da história. Merecido, sem contestação, legítimo, preparado há meses.Conquista como reflexo de receita na qual entraram eficiência (de jogadores, técnico e direção), paciência (da torcida, em momentos de turbulência), inteligência (geral). O Cruzeiro de novo combinou arte com pragmatismo e mostrou que ambos podem caminhar juntos. Marcelo Oliveira e rapazes provaram que a hegemonia se alcança com esquema ofensivo - com dose de cautela, lá e cá -, com toque de bola, com jogadas criativas, com gols. Enfim, com talento. E, de quebra, com grande elenco. Há quem faça reparos, motivados por indisfarçável dor de cotovelo. "Ah, mas não teve sucesso contra a turma de cima" é um deles. Bobagem. Em competições por pontos corridos, já ensinava mestre Osvaldo Brandão nos anos 60 e 70, a taça vem com vitórias em cima do pessoal que está no meio da tabela e sobretudo na parte de baixo. No bloco principal, sempre ocorrerá perde e ganha recíproco, a ponto de anular eventuais sucessos e tropeços.O Cruzeiro mandou no torneio de cabo a rabo, para desespero dos que torcem pelo retorno do mata-mata. Sistema justo e viável em Copas, por exemplo; mas sem sentido em campeonatos em turno e returno. Alegar emoção mascara tentativa de nivelar por baixo, maneira desesperada de anular a superioridade de quem tem mais mérito, colocar o fortuito contra o certo. Os critérios pouco importam: todos contra todos, eliminação direta, vive-vive, sorteio, mandinga. Para todas as torcidas perdedoras, exceto para a vencedora, o campeonato, seja qual for, "não terá a mínima graça". O Cruzeiro é estável, harmonioso, do gol ao ataque. Tem em Fábio a segurança sob a trave - e eternamente ignorado pelos técnicos da seleção, que preferem até veteranos. A defesa talvez não seja o setor mais sólido, mas pouco importa. Do meio em diante, um desfile de gente que resolve: Henrique, Willian, Marcelo Moreno, Julio Baptista, Dagoberto, Ricardo Goulart, Everton Ribeiro. O campeão brasileiro não é um supertime, que estes não existem por aqui. No entanto, dentro dos padrões nacionais de hoje, acima da média, é o melhor, merecido campeão.Como sou atacado por associações um tanto nostálgicas, ao ver a alegria cruzeirense no meio do temporal, me veio à mente uma musiquinha famosa: "Estrela brasileira no céu azul, iluminando de norte a Sul..." Era jingle da Varig, de saudosa memória, e da Cruzeiro, afiliada: Terminava com "Cruzeiro, Cruzeiro!". É isso, o Cruzeiro é a estrela que fulgura no céu do Brasil. E na quarta tem a Copa contra o Galo...Tragédia verde. Sejamos justos com o Palmeiras: desde as primeiras rodadas da Série A, segue com afinco o roteiro do fracasso. Ou, para ser ainda mais preciso: nos últimos anos, os dirigentes se desdobram para ver quem comete erros em maior quantidade, quem acumula fiascos de maneira mais pródiga. O fundo do poço no Palestra sempre tem um pouco mais para cavar e afundar.Acompanho futebol há meio século, vi dezenas de formações alviverdes, de Academias a quebra-galhos. Dá para afirmar, sem errar, que a do centenário é das piores, senão a pior de todas. Equipe limitada, desnorteada, anêmica, com alma de perdedora. E que custa caro. Sob a alegação de fazer economia, a cartolagem perdeu Barcos (em 2013), Alan Kardec e Henrique neste ano, e apostou num monte de bagrinhos. Que se salve tem o goleiro, alguns jovens e só. A falta de noção do que significa o Palmeiras é ter Valdivia como astro, o mago com varinha quebrada, que se contunde com precisão de relógio suíço. A Série B assombra, mas já é rotineira. E o novo estádio servirá para só shows. Bem-vindo, Paul!

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.