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Cielo cobra explicações de Coaracy e diz que 'hora de mudar é agora'

'Se tinha algum momento para uma virada na natação, esse momento é agora', afirma nadador

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Se há um momento para uma virada na natação brasileira, esse momento é agora. Quem diz isso é o maior nadador brasileiro da história, Cesar Cielo. Não que ele tenha se posicionado a favor da chapa de oposição à gestão de Coaracy Nunes na eleição a ser realizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) no primeiro trimestre do ano que vem. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, disse, pelo contrário, que não vai apoiar ninguém. Mas não escondeu que é contra a continuidade do trabalho do dirigente, no cargo desde 1988.

"É um período político complicado, está chegando eleição, e esse processo (do Ministério Público Federal) pode mudar o curso dessa eleição. Se tinha algum momento para uma virada na natação, esse momento é agora. Vai acontecer de uma forma bem radical, porque é muita coisa acumulada, falta de medalhas na Olimpíada, o Correios está se afastando... Está virando uma bola de neve. Espero só que a gente consiga sair disso vitoriosos", comentou Cielo, que assiste à disputa política na CBDA pelo lado de fora. Está em período sabático desde o Troféu Maria Lenk, em abril, e não sabe quando - e nem se - volta às competições.

Cielo écontra a continuidade do trabalho do dirigente, no cargo desde 1988 Foto: Fabio Motta/ Estadão

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Assistiu aos Jogos Olímpicos pela televisão e não viu o Brasil ganhar nenhuma medalha na natação, algo que não acontecia desde 2004, antes de Cielo surgir como revelação, em 2007. Inicialmente, ao comentar o desempenho dos colegas, disse que foi "bastante positivo", devido ao recorde de finais. "Faltou a medalha para a gente ficar um pouco mais tranquilo, mas não é tão ruim quanto parece", avaliou.

Depois, mostrou descontentamento. "Enquanto não tiver alguém sério e com vontade de ajudar de verdade, vai acontecer como aconteceu no Rio. Se deixar como tá, a gente vai colher resultados piores daqui para frente", reclamou. "Nossa transição é muito deficiente. A gente tem que aprender como fazer isso. Não dá para empurrar tudo nas costas do Thiago, que tá desde 2004 em Olimpíada. A gente não precisa nem inventar a roda. A roda já está inventada, tem que aplicar aqui."

O que também teria que ser aplicado no esporte brasileiro eram os R$ 4,53 milhões que o Ministério Público Federal (MPF) denuncia terem sido desviados por Coaracy e pelo diretor financeiro da CBDA, Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga, suspeitos de superfaturar uma licitação de materiais esportivos. A acusação envolve ainda, entre outros, Ricardo de Moura, o indicado de Coaracy para substituí-lo na presidência.

Cielo disse desconhecer detalhes do processo, que corre em sigilo, e por isso não quis tecer comentários. Mas cobrou que o dirigente se explique. "A gente espera que a verdade apareça. Não é querer afastar alguém, chutar o pau da barraca. A gente quer que seja feita uma apresentação sobre o que aconteceu nos últimos anos. Queremos ter um esclarecimento do que aconteceu, não só nesse episódio", exigiu o nadador, ressaltando que não tem "nada pessoal" contra ninguém da CBDA.