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Clássicos da esperança

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Por Antero Greco
Atualização:

Clássicos normalmente são bom parâmetro sobre o momento de clubes, campeonatos e em última análise do futebol de um país. Quando se está em boa fase, invariavelmente os clássicos enchem os olhos por fatores como intensidade, disposição, ousadia das equipes, qualidade técnica, emoção... Quando a fase está ruim, é comum jogos truncados, excessivamente faltosos, com as equipes, e seus técnicos, preocupando-se mais em não perder do que em ganhar.Por esse prisma, os quatro clássicos de ontem pelo Campeonato Brasileiro foram animadores para um futebol que ainda enfrenta desconfiança depois da malfadada participação da seleção na Copa do Mundo. Um futebol que tenta se reerguer e recuperar a qualidade, há muito perdida, o charme e também a credibilidade - dentro de campo, porque do lado fora, pelo jeito, nem com reza braba.Corinthians e São Paulo, por exemplo, fizeram um excelente jogo na Arena de Itaquera. Confronto cheio de alternativas, indefinido até o final. O Corinthians, que vinha cambaleando e alvo de reparos por isso, demonstrou a capacidade de se reciclar que vinha sendo pedida por seus críticos.Mano Menezes deixou de ver os fantasmas externos e conseguiu montar uma equipe competitiva e até mesmo ousada, apesar dos problemas crônicos que enfrenta, principalmente no setor ofensivo por não ter muitas opções, e os de última hora, como a amigdalite que tirou Elias, uma de suas peças mais importantes - senão for a mais importante - do jogo.O Corinthians comportou-se da maneira como sempre se espera dele: buscando a vitória do tempo todo. Não se abateu nem mesmo nas vezes em que ficou atrás no placar. Por sinal, ressalte-se que a defesa corintiana, decantada como ponto mais forte do time, falhou feio ontem nos dois gols do São Paulo, ambos nascidos em "lances de bola parada'' como dizem treinadores e jogadores.Em contrapartida, atacou bastante e com isso expôs a fragilidade da defesa são-paulina, que responde mal quase sempre que é acossada e ainda teve o infortúnio de perder Rafael Toloi por contusão, o que obrigou Muricy a colocar em campo um Antonio Carlos fora de ritmo.O São Paulo também fez bom jogo, contra-atacou, criou chances. Foi superado, perdeu nova oportunidade de aproximar-se do líder Cruzeiro e a expectativa agora é ver como reagirá após duas derrotas seguidas.Uma reação ruim aos tropeços é o que todos os rivais esperam que tenha o Cruzeiro, que sofreu dois reveses nas últimas três vezes em que entrou em campo. Pior: ontem caiu diante do adversário que mais detesta e, castigo supremo, levou o gol que o derrotaria no "apagar das luzes'' como diriam os locutores do passado. O Atlético fez por onde ganhar um clássico eletrizante, de altíssimo nível. Abriu logo dois gols de frente, vantagem que seria confortável não fosse diante do melhor time brasileiro da atualidade. O Cruzeiro foi buscar o empate, mas o time de Levir não se abalou. Ao contrário, batalhou incansavelmente até conseguir a vitória.Triunfo bom para Atlético, São Paulo, Inter, Corinthians... enfim, bom para o campeonato.Ruim para os dois foi o empate no Fla-Flu. Ruim em termos de resultado, considerando-se a posição de ambos na tabela. Mas pelo que se viu no Maracanã, a maneira como as duas equipes se portaram pode ser útil para evolução no restante do campeonato.O Fluminense perdeu dois jogadores por contusão durante a partida, precisou se encolher, mas ainda assim não desistiu de tentar resultado melhor. Na sequência, talvez sofra pelo desgaste de seus atletas, muitos deles já não tão jovens. O Flamengo martelou bastante, mostrou-se incansável e é cada vez mais fiel à forma de jogar preferida de sua torcida: se não dá na técnica, que seja na garra.Garra que não faltou ao Vitória para virar um emocionante, embora não excelente em termos técnicos, Ba-Vi. Emoção é ingrediente obrigatório no futebol, sobretudo em clássicos. E ontem ela esteve sempre presente. Bom alento para o futebol brasileiro.

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