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Com segurança reforçada, Stade de France reabre sem incidentes em Paris

Partida de rúgbi entre França e Itália foi o primeiro evento esportivo no estádio desde os atentados de 13 de novembro na cidade

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Por Andrei Netto e correspondente em Paris
Atualização:

Filas de torcedores, revista de veículos e a presença ostensiva da polícia e de seguranças privados marcaram nesse sábado a reabertura do Stade de France, a principal arena esportiva do país, alvo de atentados suicidas em 13 de novembro, em Saint-Denis e Paris. O jogo de abertura do Torneio de Seis Nações entre as seleções de rugby de França e Itália, com vitória apertada dos franceses por 23 a 21, foi encarado pelas autoridades como um primeiro teste de segurança para a Eurocopa de 2016, que será realizada em junho e julho.

O estádio não recebia eventos desde o amistoso entre as seleções de futebol de França e Alemanha naquela noite de sexta-feira, 13. O jogo foi abalado pela ação de três extremistas islâmicos suicidas, que tentaram entrar no estádio, sem sucesso, portando cinturões de explosivos. Os homens-bomba acionaram os artefatos do lado de fora da arena, causando a morte de um inocente e assustando o público e os jogadores no interior do estádio. Ao mesmo tempo, os atentados perpetrados em Paris deixaram mais 129 mortos.

Stade de France teve a segurança reforçada em partida de rúgbi Foto: Thibault Camus|AP

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A atmosfera neste sábado foi de mobilização nas imediações do estádio. Mil policiais e 250 voluntários da Federação Francesa de Rugby (FFR) realizaram a segurança. Dois cercos policiais foram organizados: um primeiro no distrito no qual se situa o Stade de France e um segundo junto às grades de acesso ao estádio. Desde as saídas de metrô e trem, a presença das forças de ordem se fez notar. Nas entradas do primeiro cordão de isolamento, torcedores foram revistados. Os que portaram mochilas, bolsas ou sacolas receberam atenção minuciosa, inclusive de cães farejadores.

Os acessos ao estacionamento e às ruas adjacentes também foram monitorados pela polícia, que vasculhou os porta-malas em busca de eventuais armas ou explosivos.

Entre os torcedores, não houve reclamações maiores sobre o esquema de segurança. Entre comerciantes da região, o reforço foi saudado após o trauma de 2015. Jean-Philippe Vigo, gerente do restaurante Le rendez-vous (O Encontro), sentiu o baque da falta de eventos e do temor do público. "Houve uma baixa da atividade", explicou, dizendo ter perdido a metade de sua receita. "Dá pra ver que há uma espécie de medo aqui, e em Paris é a mesma coisa."

Dentro do estádio, o público surpreendeu. A falta de entusiasmo inicial dos torcedores cedeu lugar à curiosidade pela estreia do novo treinador da França, Guy Novès, que assumiu a equipe após o fracasso na Copa do Mundo de Rugby de 2015, quando os Bleus foram eliminados após o massacre das quartas-de-final para a Nova Zelândia, que venceu por 62 a 13. Segundo os organizadores, 70 mil pessoas compareceram ao estádio, número abaixo da lotação, de 81 mil, mas superior às últimas previsões da FFR. E o público francês saiu satisfeito com o resultado, embora não com a atuação discreta da equipe da França, que só venceu graças ao erro do capitão italiano no último lance do jogo.

França venceu a Itália em jogo apertado em Paris Foto: Benoit Tessier|Reuters

PREPARAÇÃO Para as autoridades, o jogo serviu como teste para a organização da Eurocopa 2016. A preocupação do governo é demonstrar que a França poderá realizar o evento sem sobressaltos, graças ao reforço do policiamento previsto pelo estado de emergência, que ampliou os poderes das forças de ordem.

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Presente no estádio em 13 de novembro, o presidente da França, François Hollande, voltou ao Stade de France ontem. No intervalo, ele comentou o simbolismo de seu retorno ao estádio. "Eu estava aqui em 13 de novembro e queria voltar ao primeiro evento esportivo depois desses terríveis atentados. A vida deve continuar" afirmou o chefe de Estado, ressaltando a necessidade de vigilância: "Devemos ser ainda mais rigorosos em termos de segurança".

Sobre a Euro 2016, Hollande reiterou a mobilização das autoridades para evitar ataques islamistas durante o evento. "Nós temos toda a capacidade paraorganizar a Euro 2016 e vamos demonstrá-lo", disse Hollande, que lembrou ainda a candidatura de Paris aos Jogos Olímpicos de 2024. "Temos outros eventos a organizar, como a candidatura de Paris 2014. A Eurocopa será um ensaio."

Presidente francês, François Hollande acompanhou a partida no Stade de France Foto: Thomas Samson|AFP

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