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Da nascente à foz, piloto sobrevoa todo o Rio Tietê em um paramotor

Aventureiro de grandes percursos há cinco anos, Lu Marini decide usar a paixão por voar para trabalhar consciência ambiental

Por Juliane Freitas
Atualização:

Silêncio, vento e uma imensidão azul. Esse foi o cenário visto por Lu Marini em uma parte da expedição de 20 dias sobre o rio Tietê - saiu em 20 de agosto de Salesópolis e chegou a Itapura em 7 de setembro. Em muitos trechos da viagem, porém, a visão libertadora converteu-se em uma imagem triste para o piloto de paramotor, que percorreu 1.100 quilômetros desde a nascente até a foz do rio que corta a maior cidade do Brasil.

O percurso é uma aventura. Foram necessários nove meses de preparação para garantir que nada desse errado. Na equipe, 15 pessoas, entre meteorologistas, grupo de resgate, produtores e cinegrafista, para registrar tudo em um compilado que deve virar documentário, planejado para o ano que vem. "É uma expedição, onde eu decolo e nunca sei onde vou pousar. Isso exige que você tenha conhecimentos, como em meteorologia, para que você não corra nenhum risco. Esse é um voo histórico, e feito com muita segurança."

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Praticante da modalidade há 20 anos, o piloto revela que a maior dificuldade não está no alto, mas na hora de se lançar ao ar e voltar ao chão. No céu, a altura de até 400 metros do solo e os 50 km/h não são o maior desafio do viajante. "Paramotor é um esporte. Tem alguns pontos críticos, como o pouso e a decolagem. O esforço que eu faço, com um peso em torno de 30 quilos, exige um trabalho físico para que suporte essa carga. Nessa viagem pousei em terrenos muito ruins e a maioria das decolagens teve vento quase zero, exigindo que eu corresse, então tenho de ir à academia e ir me fortalecendo."

Recordista de altitude com o paramotor e o único esportista a sobrevoar um vulcão, Lu Marini faz grandes roteiros há cerca de cinco anos e, desta vez, quis usar o esporte para atrair olhares para questões ambientais. "Muitas vezes estou voando e vejo coisas erradas, que não gostaria de ver ali de cima. Queria chamar atenção sobre o que está acontecendo", conta.

Em cada parada, pode ouvir histórias e conhecer pessoas que vivem em função do rio e precisaram reinventar a forma de extrair das águas poluídas sua subsistência, como Dona Maria, de 80 anos, que antes pescava na região e agora recolhe e revende o lixo dele para sobreviver. "Os relatos sempre são os mesmos, de que o rio é muito diferente do que já foi um dia. Em contrapartida, tive momentos bons, como quando visitei uma escola municipal e juntei várias crianças para contar histórias sobre a viagem."

Os próximos desafios já estão marcados. Lu vai percorrer outro rio, o São Francisco, para manter a ligação com o meio ambiente. Depois, em busca de quebrar seu recorde pessoal, voará sobre as montanhas geladas do Paquistão. A meta é ultrapassar os 7.000 metros de altitude.

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