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DIÁRIO DA SELEÇÃO: Quando Neymar chora um sonho não acaba

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Por Luiz Antônio Prósperi
Atualização:

Neymar chorou. Quando um craque chora é preciso prestar atenção. Não foram lágrimas de emoção a lembrar do hino cantado à capela pela torcida, nem por causa da derrota impiedosa imposta pelos alemães, muito menos por não estar no Maracanã neste domingo medindo talento com seu amigo Lionel Messi em busca da taça.

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Neymar chorou porque os médicos lhe disseram que poderia estar hoje numa cadeira de rodas e não ali, de pé, com a camisa dez autografada pelos seus companheiros de seleção quando fez uma rápida visita ao grupo na Granja Comary. Foram lágrimas sinceras e doídas, até aos que convivem ao longo da carreira com tragédias e dramas de jogadores de futebol a cada domingo.

Neymar nem precisava ter vindo ao encontro de um time caído e destroçado. Veio para se despedir da turma, desejar boa sorte na última batalha da Copa e marcar um encontro com todos eles no próximo compromisso da seleção. Ele sabe que vai estar entre os convocados, seja lá quem for o chefe.

Bem que ele gostaria que fosse o Felipão. "No Brasil a gente tem a mania de trocar de técnico por causa de uma derrota, jogar tudo fora. Está errado. É na derrota que a gente aprende", avisa.

Até mesmo de uma derrota tão acachapante como aquela diante dos surpresos alemães se tira lições, sugere o craque. No caso dele, ainda mais. Fora do campo, conta Neymar, é muito difícil acompanhar o jogo e depois propor soluções. "Até porque eu não gosto de perder nunca. Ficar vendo pela televisão, sem poder fazer nada, é complicado. É por isso que não vejo jogos de futebol. Eu gosto é de jogar, e vencer."

Nos 7 a 1, mesmo relutando, ele acompanhou todo o drama pela televisão. Saiu da sala antes do apito final do mexicano Marco Rodriguez para não ver seus companheiros, destruídos pela emoção, deixarem o campo carregados pelos sobreviventes. Ele não tem certeza de que se estivesse em campo a história teria sido outra. Disse apenas que aquele grupo de companheiros não merecia ter deixado a Copa do mundo daquela forma.

Na sua cabeça, o Brasil tinha time para ser campeão. Agora, tombado, não há mais o que fazer a não ser torcer por outros amigos. O duro é que eles são argentinos. Constrangido, disse que vai torcer por Lionel Messi - com quem planejava se encontrar neste domingo no Maracanã. Neymar não vai ao estádio. Vai, no máximo, acompanhar pela televisão a peleja de Messi contra os alemães. E gostaria de ver o ídolo colocar mais uma vez o mundo aos seus pés.

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Seria o ponto final ideal de uma Copa do Mundo que um dia ele sonhou ser sua. Como não deu, Neymar só pensa agora em superar seu drama e partir para o próximo sonho. "Eu só penso em deixar as pessoas felizes com o meu futebol. Meu sorriso foi interrompido, mas não acabou", disse Neymar. Sem chorar.

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