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Dirigente da canoagem lamenta boicote e garante transparência

João Tomasini culpa 'burocracia' por problema e pede seriedade

Por Paulo Favero
Atualização:

João Tomasini, presidente da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), se mostrou profundamente decepcionado com a atitude dos quatro atletas de canoa que boicotaram o evento-teste da modalidade na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, nesta sexta-feira. O quarteto formado por Isaquias Queiroz, Erlon de Souza, Nivalter Santos e Ronilson de Oliveira reclamou de não receber salários da entidade há oito meses. "Estou calmo, mas muito triste. É difícil falar com quem não quer ouvir. Eles não ficaram desassistidos em nenhum momento", explica o dirigente, em entrevista ao Estado. O projeto de incentivo da CBCa era para manter os atletas treinando em São Paulo, só que com a chegada do técnico espanhol Jesus Morlán, a equipe de canoa se mudou para Lagoa Santa, em Minas Gerais, a pedido do próprio treinador. "Tivemos de mudar o projeto e, por isso, pedi ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) para assegurar as bolsas dos atletas até que tudo estivesse resolvido. O COB fez isso, mas o que era para ser dois ou três meses virou oito, pois houve um atraso de documento ambiental da prefeitura de Lagoa Santa e, sem ele, o BNDES não podia fazer nada", afirma.

Canoagem de velocidade Foto: Arquivo/Estadão

Tomasini lembra que o dinheiro foi depositado no dia 24 de agosto na conta da entidade e falta a assinatura dos atletas e que a partir deste mês o BNDES, patrocinador da confederação, passou a cobrir os gastos. "Eles foram para o Mundial em Milão com recurso de viagens do BNDES. Não ficaram desassistidos em nenhum momento. Infelizmente resolveram fazer essa palhaçada", lamenta, lembrando que a bronca dos atletas é por não poder usar patrocínios pessoais no uniforme. "O patrocínio individual tem espaço no remo e no barco, não no uniforme, que é da Confederação Brasileira de Canoagem. O Neymar não pode usar uma marca pessoal no uniforme da seleção, ou um jogador de vôlei. É assim." Agora o dirigente está tendo de conversar com o BNDES, que emitiu nota colocando a situação da mesma forma que Tomasini colocou. "Foi uma questão burocrática, pois é assim quando se mexe com dinheiro público. Vamos continuar trabalhando. Eles falaram de 14 medalhas no Pan de Toronto, mas eles trouxeram três, porque as outras foram conquistadas por outras pessoas, inclusive cinco na canoagem slalom. É um desenvolvimento da canoagem como um todo, não só deles. Mas temos de tocar em frente", diz. Por último, Tomasini rebate as críticas de que está há muito tempo no comando da entidade e garante que na CBCa impera a democracia. "Estou há 27 anos no cargo. A assembleia que me elege é formada por federações e clubes, são mais de 160 votos. Não tem manipulação. Se estou aqui é porque tenho feito alguma coisa. Me orgulho desse período e do que a canoagem está fazendo. Não me envergonho de continuar no comando, pois dirijo uma entidade democrática e estou democraticamente eleito", conclui.

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