EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

(Viramundo) Esportes daqui e dali

Equilíbrio precário

PUBLICIDADE

Por Antero Greco
Atualização:

Times andam sempre na corda bamba. Repare como o equilíbrio deles é frágil. Num momento, chamam a atenção, recebem elogios, vislumbram sucesso, viram moda. Técnico e jogadores são badalados, ocupam manchetes, inflamam torcidas. Basta sequência ruim de resultados para que percam a pose e entrem em parafuso. É de lei.A turma de cima, no momento, vem do Sul, com aceleração surpreendente de Inter e Grêmio. O primeiro pode encostar de vez no Cruzeiro, desde que vença o desafio no sábado (líder e segundo colocado estão separados por seis pontos). O Tricolor gaúcho renasceu, junto com Felipão, e por enquanto agita a briga por vaga na próxima Libertadores. O pessoal em baixa, nestes dias, concentra-se por aqui. O Palmeiras nem conta, pois é parte integrante do clube dos angustiados, sócio de carteirinha dos postulantes à Segunda Divisão. O São Paulo fica na base do vai não vai. Num instante, encanta-se com o quadrado fantástico e bate o Cruzeiro. Noutro, desanda a levar gols, perde jogos seguidos e vê a liderança de longe.Agora, o Corinthians faz companhia para os rivais. As portas para o bloco dos instáveis se abriram com oscilação tremenda no Brasileiro. Nos últimos dez jogos, acumulou quatro derrotas - duas nas rodadas mais recentes -, contrabalançadas por três vitórias e três empates. A turbulência empurrou o pessoal de Mano Menezes para o sétimo lugar e a 13 pontos do topo. Ou seja, o hexa nacional vai para outra ocasião.O ar no Parque São Jorge ficou carregado em setembro - e os sinais evidentes de apreensão vêm justamente de manifestações de confiança, apoio e apreço. Soa contraditório, mas é assim mesmo. Quando jogadores aparecem em público em bloco para assumir falhas e "hipotecar solidariedade" ao treinador, tentam demonstrar união e revelam bastidores conturbados. Leitura lógica da entrevista de Ralf, Fábio Santos e Renato Augusto, às vésperas do clássico de hoje com o Atlético. O trio tratou de atrair um pouco da pressão, que recai forte sobre Mano, cobrado por setores da torcida - os de sempre, diga-se, e que ontem voltaram a dar o ar da desgraça, com ameaças. A experiência ensina esse tipo de atitude de boleiros ocorre em ambiente alterado. A conversa do "todos somos responsáveis por vitórias e fracassos" é bacana, mas nem sempre resolve. Acha pouco? Então acrescente a presença do presidente Mário Gobbi para apimentar, involuntariamente, o caldo. O dirigente fez os elogios de praxe ao grupo, ao planejamento, ao técnico, etc. e tal. Daí se mostrou enfático ao afirmar que não imagina o Corinthians fora da competição continental em 2015. Outro ano sem Libertadores, na avaliação dele, seria fonte de prejuízo financeiro impensável. Quer dizer: incentiva e cobra a rapaziada. (Curioso como o discurso mudou: o antecessor até desdenhava do torneio, ao garantir que não compensava. Vai entender...)O Corinthians está à beira do desastre? Não, por motivos simples. Caso se contente com a Libertadores, é objetivo alcançável, porque a diferença para ficar no G-4 é pequena. Além disso, os rivais pelas vagas se equivalem. Há, ainda, a possibilidade de garantir-se com o título da Copa do Brasil, o que seria muito mais interessante e igualmente não se trata de desafio insuperável. Está na média da maior parte dos concorrentes que restaram na corrida.A barreira, pra valer, está no próprio Corinthians. Fora episódios esparsos, como os 3 a 2 sobre o São Paulo ou os 5 a 2 no Goiás (um exagero!), o que se tem visto é equipe sem atrevimento, ousadia, velocidade. Parece não mudar a toada, independentemente do adversário ou das circunstâncias da partida. Não é a toa que tem dez empates, a maioria consequência de apresentação insossa. Até um tempo atrás, o Corinthians se gabava de ter sistema defensivo sólido; foi superado pelo Grêmio. Pra complicar, o ataque não deslancha. Nessa lenga-lenga, marca passo, fica no discurso vazio e coloca a Fiel em desassossego.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.