Equipe de 4 X 100 treina até a exaustão

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Por Agencia Estado
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Os velocistas que integram a equipe do revezamento 4 x 100 metros do Brasil chegam a treinar entre 400 e 600 passagens de bastão num único dia. "Duvido que alguma das equipes que está aqui tenha trocado tanto o bastão como nós, no último mês. Eles chegam a sair da pista com tanta dor no braço que não conseguem pentear o cabelo", observa o técnico Jayme Neto Jr. A passagem perfeita do bastão entre um corredor e o outro pode fazer a diferença na prova de equipe mais envolvente do atletismo. O entrosamento pode igualar um time que não tem velocistas tão rápidos, como os do Brasil, a outro que, individualmente, tenha atletas mais velozes nos 100 metros, como o Japão. É nisso que o técnico Jayme Neto Jr., do Brasil, confia para colocar a sua equipe no pódio mais uma vez. Claudio Roberto de Souza, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Vicente Lenílson, nessa ordem, foram confirmados hoje como os titulares do revezamento 4 x 100 metros - as duas séries qualificatórias serão sexta-feira, no Estádio Olímpico, a partir das 14h10 (horário de Brasília). As oito melhores equipes vão à final, sábado. "Foram muitas, mas muitas mesmo as repetições", frisa Jayme, admitindo que se forem comparados apenas os tempos dos 100 metros de cada corredor, o Brasil será a quinta ou sexta força. Esse ano, o time ocupa a oitava posição no ranking mundial da Associação Internacional de Federações de Atletismo (Iaaf), mas ainda não correu com a formação que Jayme montou para a Olimpíada. Hoje, o Brasil foi treinar no Estádio Olímpico, e teve platéia: os japoneses decidiram filmar e justamente a passagem do bastão. "Pedi aos meninos para caprichar, só assim botamos pressão neles", comentou Jayme. A diferença de tanto treinar, explica o técnico, é a percepção de tempo e espaço que se adquire, o entrosamento e a confiança. Inversão - Jayme fez uma mudança em relação às posições do grupo que correu o Mundial de Paris, no ano passado, e ficou em terceiro lugar - o Brasil herdou a medalha de prata por causa da desclassificação, por doping, da equipe inglesa. Cláudio Roberto de Souza, que fechou em Paris, vai abrir a prova em Atenas. E Vicente Lenílson, que largou no Mundial, dessa vez vai fechar. Jayme explicou que Cláudio Roberto está muito bem nos 200 metros. "Como no revezamento cada um corre 130 metros, por causa da passagem, ele está adequado nessa posição. E o Vicente é hoje o velocista mais rápido do Brasil, o primeiro no ranking dos 100 e 200 metros. Por isso, vai fechar." Para aperfeiçoar essa composição, Vicente, mais baixo, até ficou com tendinite no ombro, já curada, de tanto ensaiar com André Domingos a passagem do bastão. "Ele teve de levantar mais o braço", explicou André, especialista em curva, com vaga assegurada na equipe. Edson Luciano Ribeiro foi o último atleta a ser confirmado por Jayme que poderia também optar por Jarbas Mascarenhas. O técnico confia em Edson, que formou a equipe do revezamento nos Mundiais de 1995, 1997, 1999, 2001 e 2003 (com medalha) e nas conquistas dos bronzes olímpicos em Atlanta (1996) e Sydney (2000). Edson parou de treinar duas semanas, em julho, por causa de uma inflamação na próstata, o que atrasou sua preparação. Segundo Jayme ele já recuperou o tempo perdido e corre muito bem "lançado", sem ter de largar do bloco de partida. "Ele está voando", assegurou Vicente. Além das qualidades técnicas, Jayme acentuou que Edson é "daquelas pessoas talhadas para a prova, é dócil, agregador e tranqüilo, o equilíbrio que a equipe precisa."

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