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Esporte vive a era dos superatletas

Com ajuda de suplementos, treino e talento, astros de algumas modalidades estão cada vez mais fortes, altos e ágeis

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Por Wilson Baldini Jr
Atualização:

Quase todas as modalidades esportivas convivem hoje com uma geração de superatletas. São competidores cada vez mais altos, fortes, rápidos e ágeis. O conceito de que grande massa muscular e estatura acima da média são sinônimo de lentidão e inabilidade faz parte do passado.

Talvez o maior exemplo desta evolução física seja o grego Giannis Antetokounmpo, que joga na NBA (principal liga de basquete dos Estados Unidos). Trata-se de um armador do Milwaukee Bucks que mede 2,11 metros e pesa 100 quilos. Apesar da envergadura de 2,26 metros, Giannis apresenta velocidade e habilidade impressionantes em quadra, o que o torna uma das principais atrações do melhor basquete do mundo. 

O gigante grego Giannis é veloz e tem bastante habilidade e se torna exemplo de superatleta Foto: Aaron Gash/ AP

Treinamentos específicos para cada trabalho muscular ou físico, aliados a ingestão de suplementos alimentares, garantem um desempenho excepcional para esses novos atletas. “Só é bom lembrar que o talento esportivo ainda é essencial. Ninguém ensinou Muhammad Ali a lutar boxe ou Pelé a jogar futebol”, diz Laércio Bertanha, há três décadas professor de Educação Física no Brasil.

Muhammad Ali e Pelé possuem seus sucessores na atualidade. Cristiano Ronaldo foi eleito recentemente o melhor jogador de futebol do mundo pela quinta vez. Aos 32 anos, o atacante português é um “rato de academia”, mas está atualizado com o que tem de mais moderno no estudo da fisiologia. Cristiano Ronaldo se submete a um tratamento de DNA que faz com que ele perca um quilo de peso corporal por temporada até os 35 anos. Com isso, o astro do Real Madrid, de 1,85 metro e 84 quilos, pretende manter a massa física, a velocidade e a resistência para continuar em alto nível até o fim da carreira.

PREVENÇÃO DE LESÕES

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O britânico Anthony Joshua é o campeão dos pesos pesados no boxe, com 20 nocautes em 20 vitórias. Sua equipe de treinamento reúne 20 pessoas. Terapeutas, fisioterapeutas, médicos e osteopatas tratam de seu corpo e tentam evitar lesões. “Anthony treina seis vezes por semana, três vezes ao dia. São quatro horas de boxe e quatro horas de exercícios específicos para os músculos, a fim de dar maior força, flexibilidade e prevenir lesões”, informa o técnico Robert McCraken. Joshua pesa 115 quilos e tem 1,98 metro de altura.  Na Olimpíada de Londres, em 2012, o britânico ganhou a medalha de ouro com 95 quilos, o mesmo que Ali tinha no auge de sua carreira nos anos 60.

Outro que contrariou a opinião geral dos estudiosos foi o jamaicano Usain Bolt, que, apesar de medir 1,95 metro, superava a largada ruim nos 100 metros rasos com uma espantosa aceleração na parte final da prova. Isso o fez ganhar o tricampeonato olímpico. Antes de Bolt, os atletas, em sua modalidade, tinham no máximo dez centímetros a menos de altura.

No vôlei é comum os times formarem sextetos com todos os jogadores muito perto ou acima dos dois metros de altura. Mesmo assim, os atletas apresentam agilidade incrível para saltar e “dar peixinhos” durante as duas horas de duração, em média, das partidas. “A evolução não ocorre apenas na parte técnica das modalidades. A fisiologia no esporte teve avanço enorme nos últimos anos e ajudou para que os atletas pudessem realizar funções que antigamente não eram possíveis”, atesta Bertanha.

Para ser considerado um superatleta não é preciso ser também um garoto. Aos 36 anos, o suíço Roger Federer se mantém entre os maiores nomes do tênis, e graças a um trabalho de treinamento que é feito antes e depois dos dias de jogos. Tudo para manter o corpo preparado e equilibrado, mesmo com a idade avançada.

SÓ DEUS

“Antigamente, era mais importante ter talento para se tornar um craque no futebol. Hoje, além do talento, é preciso ser um atleta”, diz Turíbio Leite de Barros, doutor em Fisiologia do Esporte, que trabalhou 25 anos no São Paulo e que está há um ano e meio morando em Boca Raton, na Flórida, EUA, onde trabalha como consultor de um empresa fabricante de suplementos alimentares.  O futuro vai dizer se os superatletas vão dominar o esporte ou se vão continuar apenas a ser exceções em modalidades. “Só Deus pode responder isso”, brincou o professor Bertanha.

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