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Fórmula 1 no país do futebol

Por REGINALDO LEME
Atualização:

Nos 24 anos que separam os dois últimos títulos mundiais conquistados no futebol, os alemães aprenderam a comemorar. Eu me lembro de que três semanas depois da Copa de 1990, coincidentemente conquistada por eles também com uma vitória de 1 a 0 sobre a Argentina, quando cheguei aqui para o GP, o que chamava a atenção era, no máximo, um recorde de vendas de camisas da seleção nas lojas de esporte. Agora o país todo está curtindo bem mais. Bandeiras nos carros, ruas enfeitadas, a companhia aérea Lufthansa com decoração especial em seus aviões, assim como as vitrines das lojas e os bares ainda em clima de festa.Os estoques do uniforme oficial da seleção, já com as quatro estrelas sobre o escudo, lançado horas depois da final da Copa, se esgotam rapidamente, assim como o de uma camiseta comemorativa estampando quatro estrelas bem grandes e de cores diferentes para cada ano de conquista: 1954, 1974, 1990 e 2014. A Copa ainda é assunto em qualquer lugar. E o curioso é que a goleada em cima do Brasil é lembrada sempre com uma dose de lamento.A gerente de um restaurante de Heidelberg, alemã chamada Maria, contou que, naquele jogo, viu o marido e dois filhos chorarem diante da situação de pânico vivida pelo futebol brasileiro - que todo alemão fanático pelo esporte aprendeu a admirar tanto. Em Hockenheim também a Copa ainda está presente. Dos 22 pilotos titulares, quatro são alemães. E a equipe líder do Mundial é a Mercedes-Benz, um ícone da Alemanha, que é também a principal patrocinadora da seleção do país. Em algumas áreas de escape do circuito, e também na entrada do box, está pintada no asfalto a bandeira alemã. Assim como no capacete de Nico Rosberg, o atual líder do campeonato, e também no do tetracampeão Sebastian Vettel. Admirador do futebol, Rosberg queria fazer uma homenagem maior e chegou a pintar quatro estrelas no alto do capacete junto com a taça do Mundial, mas, depois que ele postou foto nas redes sociais, a Fifa proibiu o uso das imagens por entender que seria uma violação dos direitos de propriedade intelectual. Este capacete, que não será usado, passa a ser peça única na coleção de Rosberg. E a Fifa aumenta sua coleção de atitudes de insensibilidade e arrogância. Nico está em alta. No decorrer dos últimos dez dias ele se casou, teve o contrato com a Mercedes renovado e viu a Alemanha se tornar tetracampeã mundial de futebol. E tenta demonstrar que não está nem aí para dois assuntos que foram levantados pelos jornalistas durante a semana. O primeiro é o fato de a F-1 e o futebol nunca terem tido um campeão mundial do mesmo país no ano de conquista do título. "Simples coincidência", diz. O segundo é aquele jeito já conhecido de Lewis Hamilton tentar minar o equilíbrio emocional do rival que ele chamou de "monegasco, nascido na Alemanha, de pai finlandês e mãe alemã". Nico diz que nem se importou com o que classificou como piada de Hamilton. Na pista os dois estão numa briga acirrada, que, no momento, mostra o alemão quatro pontos à frente. Das nove etapas disputadas, Hamilton ganhou cinco e Rosberg, três. Em todas as outras provas em que eles chegaram até o fim, quando não venceram, terminaram em segundo. A diferença está nas quebras. O inglês sofreu duas e o alemão, apenas uma. Dos dois treinos livres de ontem, cada um deles liderou um. A Mercedes continua na frente da turma, embora a vantagem tenha diminuído. O melhor tempo do dia, com Hamilton, foi apenas 126 milésimos melhor do que Daniel Ricciardo, este extraordinário piloto da Red Bull. Há uma esperança de que, mesmo mantendo o domínio, a Mercedes perca um pouco de desempenho em consequência da decisão de retirar o sistema que liga as suspensões dianteira e traseira, fazendo o carro funcionar como se usasse a suspensão ativa. O sistema mantém o carro sempre na mesma altura em relação ao solo. Nada de novo. Já em 1993 foi criado pelo engenheiro austríaco Gustav Brunner e desenvolvido junto com o engenheiro brasileiro Fernando Paiva. Com isso, a Minardi fez metade daquele campeonato na frente da Ferrari.

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