Gabriel Medina, o fenômeno brasileiro das ondas

Surfista faz excelente temporada no Circuito Mundial e mostra a maturidade de um veterano em todo tipo de condição

Publicidade

PUBLICIDADE

Por Paulo Favero

Quando venceu sua primeira etapa no Circuito Mundial de Surfe, em 2011, o brasileiro Gabriel Medina falou que seu próximo objetivo era ser campeão mundial. Aos 20 anos, o sonho do garoto de Maresias, no litoral norte de São Paulo, está perto de ser realizado. Ele lidera o ranking com folga de 7.800 pontos sobre o 11 vezes campeão mundial Kelly Slater e vai entrar na água a partir desta terça, no Hurley Pro em Trestles, na Califórnia, para tentar manter a dianteira.

Faltam quatro etapas para o fim da temporada e nada mais parece complicado para esse surfista que não se cansa de surpreender. "Tomara que eu possa ser o primeiro brasileiro campeão mundial, mas ainda faltam quatro etapas e tudo pode mudar. Sei que existe uma distância na classificação, mas não posso vacilar em nenhum momento. Tenho de ir passo a passo", diz Medina, que já foi chamado de "Neymar do Surfe" e até de "Superman" por causa de seus incríveis aéreos.

Aos 20 anos, ele já mostra a maturidade de um veterano ao lidar com situações complicados nos diversos tipos de onda do Circuito Mundial. O caso mais recente, e talvez o mais emblemático, foi a vitória na última etapa no Taiti, em Teahupoo, que significa "crânios quebrados" por causa de seu raso recife de coral. Medina lidou com ondas superiores a quatro metros, em condições históricas do mar para o evento, e venceu na final Kelly Slater, o melhor surfista naquele tipo de onda tubular. Esse evento foi a prova definitiva para quem duvidava do talento do brasileiro, até porque ele mostrou que pode surfar em qualquer tipo de onda, desde com fundo de areia até bancadas de corais.

Se nos tubos Medina vem mostrando seu talento, é voando sobre as ondas que ele conquista cada vez mais uma legião de fãs. É muito comum ele usar as redes sociais para apresentar algum aéreo novo. O próprio Slater chegou a dizer que o brasileiro iria "mudar todos os parâmetros de aéreos nos próximos anos" e elogiou seu concorrente. Um dos segredos de Medina é a insistência. Se ele acha que é possível fazer determinada manobra, treina incansavelmente até conseguir realizá-la. No Havaí, por exemplo, acertou um "backflip", que é como um mortal de costas com a prancha debaixo dos pés.

Continua após a publicidade

PRECOCE

Gabriel ganhou aos 8 anos sua primeira prancha de Charles, o pai/padrasto que o acompanha em todas as etapas. Foi ele o maior incentivador do garoto e quem convenceu a mãe Simone a ser mais tranquila em relação ao seu futuro. Com 9 anos, ele já conseguia derrotar meninos de 15 anos e seu maior feito na adolescência foi vencer o experiente Neco Padaratz na praia Mole, em Florianópolis, no Maresia Surf International, importante etapa de acesso à elite mundial.

Outro feito foi vencer em 2011 a etapa francesa de Hossegor, tornando-se o surfista mais jovem a vencer um evento do Circuito Mundial. Um pouco antes, ele já havia chocado os especialistas ao conquistar o título pro júnior com duas notas 10 na final e uma atuação perfeita. Para Victor Ribas, brasileiro que teve a melhor colocação até hoje na elite, um terceiro lugar em 1999, Medina vai conseguir superar sua façanha. "Eu tenho certeza de que esse é o ano dele. O Gabriel será campeão e vai trazer o título para o Brasil. Todo mundo quer isso", avisa.

Victor atualmente tem uma escola de surfe em Cabo Frio (RJ) e diz que essa nova geração de surfistas nacionais tem tudo para arrebentar. "Eles são especialistas em manobras mais modernas. Na nossa época a dificuldade era surfar onda boa melhor que os estrangeiros, pois a gente tinha menos facilidade para viajar. Eles vieram para sacudir tudo", afirma, elogiando Medina. "Ele é dedicado, super profissional e tem tudo para ser campeão. É uma das estrelas do circuito, junto com o Slater, e acredito no título mundial."

Continua após a publicidade

Medina sabe que os elogios vêm de todos os lados e ele tenta manter a cabeça no lugar. O surfista não quer saber de cantar vitória antes do tempo e garante que está preparado para o que der e vier nas últimas etapas que faltam. Além de Trestles, ele ainda terá de encarar as ondas de Hossegor, na França, Peniche, em Portugal, e Pipeline, no Havaí. "Eu me preparei muito na pré-temporada em janeiro e graças de Deus o resultado está aparecendo. Estou muito focado e determinado e a cada ano vou adquirindo mais experiência. Sei que ainda falta muito, mas tenho de continuar fazendo meus treinos funcionais e procurar surfar as diferentes condições. Espero que dê tudo certo e acho que o mais importante é me divertir", conclui.