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Gabriel O Pensador agora descobre jovens talentos da bola

Cantos comanda projeto para garimpar e preparar jogadores de futebol

Por Tiago Rogero
Atualização:

RIO - Em 1993, o carioca Gabriel O Pensador lançou o primeiro CD. Oito anos depois, publicou um livro e, em 2010, virou empresário da bola. Criou o "Pensador Futebol", projeto com jovens de várias partes do Brasil, muitos de famílias carentes.Quase dois anos depois, Gabriel começa a colher os resultados. Se não financeiramente – "ainda", frisa –, pelo menos entre as quatro linhas.O cantor e escritor administra as categorias de base do Duque Caxiense, da Baixada Fluminense. Todo mês, cerca de 100 meninos, com idades entre 14 e 17 anos, treinam no campo alugado no bairro Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias. No alojamento, logo em frente, moram 30 jovens de Rio Grande do Sul, Bahia e cidades do interior do Rio de Janeiro.Há atletas que começaram no Caxiense – e que continuam tendo Gabriel como empresário – nas categorias de base de Vasco, Fluminense, Cruzeiro e Santos. Diego "Baiano", de 17 anos, foi "descoberto" na Bahia e hoje está nos juniores do Vasco, onde foi apelidado de "Dedé da base, devido à estatura e boa impulsão. "Tenho meu próprio estilo, mas, como ele, faço muitos gols de cabeça", orgulha-se o atleta.Julen é outra "estrela" de Gabriel. Aos 17 anos, o brasiliense – corte de cabelo no melhor estilo Neymar, brinco na orelha, cordão no pescoço – joga como meia-atacante na base do Fluminense. "Sou ousado", define-se.Apesar do objetivo social – "e não posso ter vergonha disso", diz Gabriel –, o empresário não esconde a intenção de lucrar com o novo ramo, até o momento custeado integralmente por ele. "Custa caro", conta o Pensador, que não quis revelar o valor exato investido.Além dos gastos com o staff (técnico, auxiliar, psicóloga, fisioterapeuta e outros profissionais), Gabriel dá uma "bolsa" aos atletas mais carentes.NOVO RAMO A carreira de empresário começou por acaso. O filho de uma empregada da família jogava bem, mas já havia "passado da idade". Gabriel, que tinha amigos no futebol graças à música, levou o garoto até um empresário de Porto Alegre. "Ele me explicou como eu poderia ajudar garotos. Viu que eu estava interessado e sugeriu que fizesse um jogo aqui no Rio, organizasse uma 'peneira' (teste para selecionar atletas)."Organizou o jogo e uma coisa levou à outra. Conheceu mais gente do ramo. Ficou sabendo do Duque Caxiense, que "não tinha campo, nem estrutura e estava precisando de ajuda para cuidar da categoria de base", e começou. "Logo de cara, vimos que era melhor fazer bem feito", lembra. Contratou preparador físico, de goleiros, fisiologista, e tudo começou a ficar um pouco mais caro que esperava, mas não desanimou.Para este ano, o cantor quer montar uma equipe mirim e outra de juniores, e não descarta a possibilidade de assumir um time profissional. Ele está à procura de patrocínios por meio da lei de incentivo ao esporte."Hoje, me sinto mais à vontade de mostrar um trabalho concreto e falar com o empresário: 'Os resultados são estes, mas poderiam ser ainda maiores'."Pensador está consciente da responsabilidade advinda da função. "Estamos mexendo com o sonho de muita gente e acabo me apegando pessoalmente, conheço as famílias", disse o cantor.Na "pelada" de confraternização do time, no fim do ano, Gabriel jogou, marcou gol. Pegava na bola e a meninada gritava: "Não vai bater no Gabriel, hein?"O futebol, que era um hobby, virou uma responsabilidade. "Mas também me dá alegria. Hoje, torço mais por eles (seus jogadores) do que pelo Flamengo", admitiu o rubro-negro fanático.Além do projeto, Gabriel O Pensador tornou-se recentemente embaixador do "Dream Football", projeto do ex-atacante português Luís Figo que seleciona vídeos de jovens que sonham em ser jogadores de futebol.O material é avaliado pela equipe do projeto, coordenada pelo técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, e atletas de destaque podem ser selecionados para testes em grandes equipes europeias, como a Internazionale, da Itália.

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