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Inventor mostra chuteira polêmica: 'Ela faz mais gols'

Professor Antônio De Mitry garante: sua criação possibilita dar aos chutes direção mais precisa

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SÃO PAULO - A primeira impressão causa estranheza a qualquer um que já chutou uma bola de futebol. Antônio De Mitry, professor de desenho industrial e inventor de mão cheia, criou uma chuteira que garante ser capaz de direcionar os chutes de forma a aumentar o número de gols. A pedido do Estado, ele aceitou ir até o Juventus, tradicional time paulistano e que está na Série A3 paulista, para fazer um teste com especialistas.O calçado tem o bico arredondado para dentro, como se encaixasse perfeitamente na curvatura da bola. "De tanto assistir aos jogos de futebol e analisar a quantidade de gols desperdiçados e mal direcionados, tive essa ideia. Como pode um bico de uma chuteira convencional bater numa esfera? Por isso que 80% dos chutes vão para fora. Então fiz as conformações ergonômicas da galocha e da chuteira e ela direciona a bola. Com um pouco de treino consegue acertar o centro de gravidade da bola", explica De Mitry.Da ideia em 2006 até a recente patente conquistada foram anos de experiências e ajustes. Sofreu críticas, mas nunca se abateu. "Falaram que eu estava tirando o charme do futebol por diminuir o efeito nos chutes. E um técnico me falou que eu estava fazendo chuteiras para pernas de pau", conta. Quando soube que os testes seriam feitos na Rua Javari, na Mooca, no estádio do clube paulistano, ficou feliz da vida. "Se eu tivesse tempo teria feito um modelo na cor bordô para homenagear o Juventus."FORMATO DIFERENTE O designer se encontrou com Lelo, ex-jogador do Juventus em 1964 e com passagens por Santa Cruz e São Paulo. Ele pegou uma chuteira prateada na mão, olhou de um lado, de outro, e deu sua opinião. "Estranhei um pouco, ela é bem diferente. É levinha e não é quadrada na frente, pois tem uma curvatura que se encaixa na bola. Tem material muito bom, é uma grande novidade."Já Ivan Prado, preparador de goleiros do clube da Mooca, usou um pouco durante o treino do time que se prepara para a disputa da Série A3 do Campeonato Paulista e não aprovou. "Ela tem uma só direção, é para bater de bico. Acho difícil dar cruzamentos com ela. Precisa de adaptações na ponta e talvez para o futsal seja melhor."O lateral-direito Tony Maraial também se propôs a participar do teste. Experimentou a chuteira, correu com a bola nos pés, deu vários chutes, mas prefere continuar com o material que já utiliza. "Não dá para jogar, é difícil de correr com ela. Para a gente que é lateral é ainda pior. Melhor ficar com as outras."O preparador físico Vair Campos escolheu um modelo, calçou e foi para o campo. Chutou de bico, de peito de pé, de trivela e não teve muitas dificuldades com a chuteira. "O design dela é diferente. Mas para mim não mudou o jeito de bater na bola. Tudo é questão de adaptação. O importante não é o que se está calçando, mas a biomecânica do chute", diz, completando. "O Serginho Chulapa teria feito mais gols ainda com essa chuteira. Ele só marcava de bico."O professor De Mitry saiu satisfeito do Juventus. "Certa vefiz um teste com três jogadores da várzea: um não gostou, outro pediu adaptações e o terceiro fez três gols de falta e queria comprar meu modelo", revela. "O jogador precisa treinar e absorver a nova forma. É hora de quebrar este paradigma."

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