No primeiro ano da Academia MLB Brasil, parceria entre a Major League Baseball (MLB) com a Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS), cinco garotos de até 16 anos assinaram com franquias da MLB. Para completar, ainda em 2017 o beisebol brasileiro ainda foi coroado com a estreia de mais dois representantes na elite da modalidade nos Estados Unidos.
Treinador da seleção brasileira nos últimos anos, Barry Larkin, ex-jogador da MLB e membro do Hall da Fama, tem acompanhado a evolução do Brasil no esporte. Presente na inauguração do projeto, baseado no Centro de Treinamento Yakult, em Ibiúna, em janeiro, ele retornou ao País nesta semana para comandar treinos e avaliar a evolução do programa, cujo resultado o deixou satisfeito.
"Já notei que os atletas estão muito cientes das situações do jogo. Obviamente, houve muito tempo gasto nas mecânicas do jogo, como fazer determinadas jogadas, as diferentes formas de defender. Mas o conhecimento geral sobre o jogo está realmente fantástico", pontuou Barry, que pretende negociar sua volta ao comando da seleção no próximo torneio internacional profissional.
Junto com Larkin, também está no Brasil Steve Finley, ex-jogador da MLB por 18 anos e que trabalha como treinador de rebatedores. Para ambos, o que mais salta aos olhos é a disciplina dos brasileiros, muito influenciada pela herança japonesa, precursores do esporte no País.
"Acho a combinação da disciplina japonesa com a paixão característica dos latino-americanos muito boa", afirmou Barry. "Em outras partes do mundo, os jogadores não são tão receptivos às orientações como aqui."
Para Finley, o material humano supera a falta de infraestrutura no País para o esporte. Por exemplo, "o Brasil mandou cinco jovens para times americanos e possui atualmente outros cinco na MLB. Você não vê isso dos países europeus, como a Alemanha, França, Holanda, Itália (que também possuem programas de desenvolvimento da MLB). E lá eles possuem uma estrutura muito maior".
Ao todo, participam da Academia MLB Brasil, no CT de Ibúna, 32 garotos, selecionados através de peneiras na própria cidade, em Marília e Londrina. Destes meninos, 11 são mantidos pela liga americana, enquanto 21 arcam com os próprios custos, de cerca de R$ 1,600 por mês. Na bolsa, estão inclusos escola particular, treinos, equipamentos, alojamento, alimentação e fisioterapia.
Até 2017, somente três brasileiros haviam estreado na MLB, Yan Gomes, André Rienzo e Paulo Orlando. Neste ano, também chegaram à elite americana os arremessadores Thyago Vieira, pelo Seattle Mariners, e Luiz Gohara, do Atlanta Braves.
EXEMPLO PRÓXIMO
Para Barry Larkin, justamente a saída dos meninos do CT do interior de São Paulo para a MLB deixaram os outros integrantes do projeto ainda mais motivados. "Acho que os meninos perceberam que é algo possível de ser alcançado. O Pardinho está aqui (participando dos treinos), então eles têm a oportunidade de não apenas ouvir falar dele, mas também de conversar e jogar com ele", observou.
Em 2017, cinco garotos saíram da Academia MLB Brasil para os Estados Unidos. Victor Coutinho e Heitor Tokar assinaram com o Houston Astros (campeão da World Series deste ano), Christian Rummel Pedrol foi para o Seattle Mariners, Vitor Watanabe, para o Milwaukee Brewers, e Eric Pardinho se tornou o jovem brasileiro mais caro da história, ao assinar por US$ 1,4 milhão (R$ 4,5 milhões) com o Toronto Blue Jays.
Além de carreiras como jogadores profissionais, estes meninos também têm maior acesso a universidades americanas pelas suas habilidades no beisebol. "A chance de assinar com uma franquia da MLB é grande, mas não é a única coisa que pode acontecer. Eles podem também receber uma bolsa para cursar ensino superior nos Estados Unidos e, a partir daí, irem para a MLB", disse Finley.
Logo em seguida, Barry completou: "Eles podem se tornar jogadores profissionais, mas também podem se tornar técnicos, analistas de desempenho, jornalistas, árbitros; e então, podem até voltar ao Brasil e ajudar a desenvolver o esporte aqui".