Medina faz história e conquista o título mundial de surfe

Surfista brasileiro vence em Pipeline, no Havaí, diante de adversários experientes e campeões como Kelly Slater e Mick Fanning

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Por Paulo Favero - ENVIADO ESPECIAL AO HAVAÍ
3 min de leitura

O Brasil tem um novo ídolo esportivo: o surfista Gabriel Medina, que conquistou nesta sexta-feira o título mundial em Pipeline, no Havaí, diante de adversários experientes e campeões como Kelly Slater e Mick Fanning. É a primeira vez na história que o País garante um troféu na elite desse esporte. Outros brasileiros já brilharam na modalidade, mas nunca haviam chegado tão longe quanto o garoto de Maresias, no litoral paulista.

A façanha ocorreu durante o Billabong Pipe Masters, última etapa da temporada, disputada no Havaí. Ele já liderava o ranking mundial com uma boa vantagem sobre seus concorrentes antes do início da disputa em Pipeline, e durante a competição mostrou talento para garantir o título mundial. "Significa muito para mim poder ser o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe", disse.

Esse é o quarto ano de Medina no Circuito Mundial de Surfe, sendo que em 2011, quando estreou, ele disputou apenas quatro etapas, ganhando duas e chamando a atenção para o seu talento precoce. Logo em sua primeira etapa na elite, em Hossegor, na França, ele venceu com um show de aéreos e mostrou que daria muito trabalho. Naquele mesmo ano, ainda faturou o Rip Curl Pro Search, em São Francisco. Terminou a temporada na 12ª posição, mesmo não tendo participado de nem metade das etapas.

No ano seguinte, provou que aqueles que apostavam nele estavam certos e terminou a temporada na sétima posição, ficando duas vezes em segundo lugar nas etapas e mostrando uma consistência. Já em 2013, prejudicado por lesões, ficou em 14º lugar geral, com apenas dois bons resultados, uma segunda e uma terceira colocações. Mas ver de perto o título do amigo e conselheiro Mick Fanning deu um grande estímulo para que ele pudesse brilhar na temporada seguinte.

Só que ainda no Havaí, no final de 2013, o brasileiro se machucou em um treino livre depois do Pipe Masters. "Quebrei a perna dias depois do campeonato, em um aéreo bobo. Também não tinha dormido direito na noite anterior, estava me sentindo meio cansado, e já era meio estresse de competição. Rompi três ligamentos e minhas férias foram com gesso", relembra.

A partir daí, iniciou sua recuperação e reforçou os treinamentos funcionais com o preparador Allan Menache. Na primeira etapa do ano, em Gold Coast, na Austrália, venceu e chamou a atenção por ser o primeiro "goofy", que surfa com o pé direito na frente, após dez anos a ganhar lá. Depois venceu em Fiji e no Taiti, nos temidos tubos de Teahupoo, diante do maior especialista naquela onda, Kelly Slater.

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"As etapas que eu ganhei esse ano mostram meu amadurecimento. Eram ondas com tamanho grande. Em Snapper Rocks (Austrália), estava competindo com os melhores regulares, aqueles que surfam para a direita. Depois fui para Fiji, consegui ganhar a etapa que o Kelly dominava, foi muito legal porque era um local que sempre quis vencer. Depois teve Teahupoo, pela condição do mar, todos achavam que o Kelly ou o John John iriam ganhar, mas acabei ficando calmo e obtive a vitória. Essas três conquistas foram especiais e vou lembrar para sempre", afirma.

Os importantes resultados e o título mundial colocam agora Medina no foco para 2015. Sua popularidade cresce em proporções gigantescas, ele acumula patrocínios (já tem 11) e está se tornando um ídolo para os brasileiros. Apesar da fama, garante que não vai perder a essência. "Apesar dos bons resultados que venho tendo, eu nunca mudei, sou o Gabriel de sempre, com os mesmos amigos de quando era pequeno. Trato bem meus pais e irmãos, nada mudou. Minha mãe e meu pai continuam me botando no lugar em casa e sempre fui pés no chão", conclui.