O homem mais rápido do mundo, Usain Bolt mostra ser um ser sem limites

Jamaicano fecha os 100m com 9s63; Yohan Blake (9s75) garante a prata, e Justin Gatlin (9s79) leva o bronze

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Por AMANDA ROMANELLI e LONDRES
Atualização:

Usain Bolt fez do raio sua marca registrada - e o jamaicano mostrou, mais uma vez, que é realmente uma força da natureza. Nos 100 metros mais rápidos da história, o velocista entrou na prova com o terceiro tempo entre os oito finalistas, largou mal (como sempre) e, fazendo a veloz pista do Estádio Olímpico passar por suas poderosas passadas, tomou a liderança na metade da corrida para cruzar a linha de chegada de maneira gloriosa. Bolt mostrou que, muitas vezes, compete com ele mesmo, e assim fez ao se tornar bicampeão olímpico em Londres. A marca de 9s63 é a segunda mais rápida da história, só atrás de seus 9s58, recorde conquistado no Mundial de Berlim, em 2009. Com a exceção de Asafa Powell, que sentiu uma lesão e chegou em último lugar com tempo acima de 11s, todos os outros seis velocistas correram abaixo dos 10 segundos, algo inédito na história do atletismo.Bolt não derrotou apenas seus rivais - o jamaicano Yohan Blake foi prata com 9s75 e o americano Justin Gatlin, bronze, com 9s79. Também superou uma inédita desconfiança que começou em 2011. O jamaicano não conseguiu revalidar seu título mundial dos 100 metros, em Daegu, na Coreia do Sul, ao ser eliminado da final por queimar a largada. Conquistou, é verdade, o bicampeonato dos 200 m e do revezamento 4 x 100 metros. Mas, em 2012, surgiram as informações de que o campeão estava lesionado e ainda com problemas nas costas. E veio a dupla derrota para Blake, nos 100 m e 200 m, nas seletivas jamaicanas para Londres.Brincalhão. Bolt chegou para a Olimpíada da maneira que se esperava: confiante, brincalhão, falando em ganhar ouros. Mas não demonstrou, nas fases anteriores à final, os tempos fenomenais que marcaram sua carreira. O jamaicano passou das eliminatórias com a marca de 10s09, uma apresentação ruim para quem acostumou o mundo a tempos sempre abaixo de 10 segundos. Na disputa da semifinal, já teve uma performance mais compatível com seu histórico, ao avançar com 9s87, desacelerando no final.Antes de alinhar para a decisão, fez o Estádio Olímpico vir abaixo. Interagiu com as câmeras como ninguém durante a apresentação. Simulou estar nas pick-ups, como faz em suas várias apresentações como DJ. Juntou os dedos indicador e médio da mão direita para fazer passinhos cheios de estilo. Deu socos no ar, como um lutador. E foi para o bloco de partida, que reclamou ser menor que seus pés tamanho 44, para largar e esquecer a falsa saída de Daegu.Melhor no fim. A partida fez o estádio sair do completo silêncio para um barulho ensurdecedor. Bolt saiu de maneira conservadora. "Acho que fiquei um pouco preso no bloco. Realmente, não foi a melhor largada do mundo. Mas essa foi a chave, fazer o que meu técnico (Glen Mills) mandou: não pensar na largada, já que o meu melhor sempre é o fim. Eu não pensei na saída e fiz o que tinha que fazer", disse o velocista após a prova, Ao vencer, pegou a bandeira jamaicana, beijou a pista e emulou o relâmpago.Para virar uma lenda, seu grande objetivo aos 26 anos, o jamaicano afirma que precisa revalidar os três títulos olímpicos que conquistou nos Jogos de Pequim, há quatro anos. Amanhã, começa a brigar pelo ouro dos 200 metros, essa sim, sua prova favorita. Faltam só mais dois e estamos contando.

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