EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Qual será a rival da vez?

PUBLICIDADE

Por Reginaldo Leme
Atualização:

Não tenho a menor dúvida de que a eventual proibição do sistema que une as suspensões dianteiras e traseiras dos carros só veio à tona na corrida passada como uma forma cabível de se frear um pouco o ritmo da Mercedes no campeonato. A própria Mercedes sabe que ela foi o alvo, assim como as rivais sabem por que cutucaram a FIA, mas não deu tão certo como esperavam. Até diminuiu um pouco a vantagem da equipe alemã, mas a esperança das rivais era que, sem o sistema (FRIC), os carros da Mercedes voltasem a ter um desgaste excessivo dos pneus, como acontecia na época de Schumacher e Rosberg. O carro já era bom, mas perdia rendimento depois de dez voltas de um pneu. Os tempos são outros, e os responsáveis são os engenheiros Paddy Lowe, ex-McLaren, e Aldo Costa, ex-Ferrari. McLaren e Ferrari são duas das grandes que ainda não encontraram soluções para seus carros mal nascidos. O duplo pódio da McLaren na abertura do campeonato (Magnussen em 2º e Button em 3º) não iludiu nem mesmo a Ron Dennis. Todos sabiam que aquilo era uma grande zebra. Tanto que a equipe está apenas em sexto no campeonato. A Ferrari só se mantém graças a Alonso, que, pelo que se viu de Vettel este ano, é o único piloto dos atuais capaz de fazer um carro médio entrar numa briga como a que ele teve com o próprio Vettel em Silverstone e com Ricciardo em Hockenheim. Além disso, Alonso marcou pontos em todas as corridas, embora apenas uma vez tenha chegado ao pódio (3º). Foi o que manteve a Ferrari em terceiro entre os Construtores até a corrida passada, quando foi superada pela Williams.A Williams voltando a ser competitiva é a boa do ano. Desde o GP do Canadá tem sido o carro que mais se aproxima da Mercedes. Vale lembrar que na prova canadense, mesmo perdendo um tempo enorme em um dos pit stops, Massa recuperou muitas posições e, ao iniciar a última volta, estava se preparando para ultrapassar Perez para iniciar briga com Vettel pelo pódio, quando aconteceu o acidente com Perez. Na corrida seguinte, Massa fez a pole position na Áustria e, depois, vieram os três pódios seguidos de Bottas (3º na Áustria, 2º na Inglaterra e Alemanha). A Red Bull, nas últimas três, perdeu terreno para a Williams. Marcou 49 pontos contra 63 da Williams. Mas em Hungaroring a Red Bull volta a ser mais forte do que a Williams.O circuito não tem as retas tão necessárias para um bom ritmo do FW 36. A equipe até trouxe uma nova asa traseira específica para pistas de baixa velocidade, mas principalmente o carro de Massa está sofrendo pela falta do assoalho, afetado no acidente de domingo passado e que não pode ser recuperado.Esta é, de fato, uma pista de péssimas lembranças para Felipe. Ontem fez cinco anos que ele sofreu aqui o pior acidente de sua carreira, atingido na cabeça por uma mola que se desprendeu do carro de Rubinho. Massa só voltou a correr no ano seguinte. Um ano antes, em 2008, ele liderava a corrida, que lhe daria também a liderança do campeonato, quando o motor da Ferrari quebrou faltando três voltas para o final. Foram pontos que fizeram falta na decisão do campeonato em Interlagos (Hamilton ganhou o título por um ponto). Esta será a 29ª corrida de F-1 em Hungaroring. Na primeira, em 1986, a Hungria ainda estava deixando o regime comunista. Eu vim de carro de Viena, exatamente como fiz agora, e atravessar a fronteira, tanto na entrada como na saída, exigia uma permissão especialmente concedida para equipes e jornalistas. Mas eram os anos de ouro do Brasil na F-1. As três primeiras edições foram vencidas por Nelson Piquet (86 e 87) e Ayrton Senna (88). Senna voltou a vencer em 91 e 92. Dez anos depois ainda tivemos a vitória de Barrichello em 2002. É um circuito que marcou a primeira vitória de Damon Hill, Fernando Alonso e Jenson Button, três campeões mundiais, e a única de Heikki Kovalainen, no ano em que defendeu a McLaren (2008). Mas o curioso mesmo é ver que Sebastian Vettel, com vitórias em 20 circuitos, nunca conseguiu vencer em Hungaroring.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.