EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

(Viramundo) Esportes daqui e dali

Rogério, o inoxidável

PUBLICIDADE

Por Antero Greco
Atualização:

Mil e tantos jogos que disputou pelo São Paulo, talvez Rogério Ceni tenha perdido a conta de quantos foram com o Palmeiras. E o saldo, sobretudo em confrontos decisivos, lhe é favorável. A lógica indica que o clássico de hoje seja o último contra um dos maiores rivais do clube que defendeu por toda a carreira. O já legendário goleiro tricolor iniciou contagem regressiva para pendurar as chuteiras, o que ocorrerá oficialmente assim que terminar a temporada. Depois, só a festa de despedida em fevereiro. Será mesmo o fim?Há quem puxe da manga uma interrogação e jogue no ar a possibilidade de que o Mito como os são-paulinos o apelidaram adie mais um pouco a aposentadoria. A bandeira do "Fica, Rogério" foi levantada, embora sem muita ênfase, por Muricy Ramalho. O técnico não afastou por completo a possibilidade de uma reviravolta que levaria o astro a aguentar o tranco pelo menos até a Libertadores da América, torneio no qual a equipe está com um pé dentro. "Sei lá, em todo fim de ano, quando se fala que ele vai parar, aí é que começa a agarrar demais", recordou Muricy, até mais como torcedor do que como responsável pela trupe. A folhinha de Rogério virará pela 42.ª vez em 22 de janeiro. Não é pouco, mesmo para quem atua numa posição que permite maior longevidade ao profissional. Foram milhares de treinos, viagens, concentração, de dias fora de casa. Centenas de gols sofridos e mais de 100 marcados, proeza única e longe de ser superada - ao menos na atualidade. Noves fora as contusões, as críticas, os momentos de tensão, as cobranças da torcida, as explicações para derrotas, as dúvidas em torno do futuro, as reclamações com arbitragens. Uma ou outra expulsão. E, ora bolas!, voltas olímpicas também, até com a seleção."Rogerião", como diz o amigo (e extraordinário repórter) André Plihal viu de todas as cores no futebol. Ao pé da letra, está calejado com elogios e ressalvas - a bagagem de duas décadas e uns quebrados sob as traves é imensa, pesa um bocado. Entende o clamor pela continuidade, e se envaidece. E quem não haveria de orgulhar-se? Tem noção, por outro lado, dos que torcem o nariz e temem a falta de reflexos - 42 anos desgastam um atleta. E como!Rogério é inteligente, ponderado e foge ao estereótipo do jogador tosco e mal articulado. Expressa-se com clareza e lógica. O que contribuiu para aumentar o fascínio junto aos fãs e o desdém de quem o considera presunçoso. E a sensatez deve prevalecer na decisão mais doída - a da hora de parar. O maior monumento da história tricolor deve conceder-se o direito de sair sem nenhum arranhão. Não será justo consigo, se perder o timing e trincar a imagem. Um pecado mortal. Como aficionado por futebol, gostaria que Rogério jogasse mais uns cinco anos, e depois mais uns meses de lambuja. As saídas da área para bater faltas e pênaltis deixarão saudade. Mas há o consolo dos teipes, DVDs e outros recursos técnicos. Melhor revê-lo sempre assim do que, por egoísmo, torcer pela permanência de um veterano e depois lamentar que restou apenas a sombra.Cartadas finais. O trio de ferro pisa fundo para delinear a programação - técnica e financeira - para 2015. São Paulo, Palmeiras e Corinthians têm muito em jogo nas rodadas finais do Brasileiro, que passam por título, Libertadores e queda. O São Paulo queimou uma chance, no empate com o Inter no meio da semana. É vice-líder consolidado, porém precisa ganhar os quatro jogos que faltam e torcer para que o Cruzeiro não faça mais do que oito pontos em 15 a disputar. O Palmeiras, com 39, não se livrou do fantasma do rebaixamento. De quebra, tem tabu de 18 jogos sem ganhar no Morumbi - 11 derrotas e 7 empates.O Corinthians, com 57, força a barra para ir para o torneio continental. Empate com o Bahia, em Salvador, pode ser um entrave e ficar fora da Libertadores aumentará déficit e diminuirá investimentos em 2015.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.