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Ronaldinho decide

Por Paulo Calçade
Atualização:

Na quarta-feira Muricy Ramalho escalou o volante Adriano para acompanhar Ronaldinho Gaúcho. As marcações individuais se tornaram raras no futebol mundial, mas ainda aparecem de vez em quando em gramados brasileiros. Mais do que uma homenagem ao passado de um craque, a decisão do treinador santista se deu pelo bom momento do jogador. E pela impossibilidade de detê-lo apenas com o posicionamento de seu meio de campo, mesmo escalado com três jogadores capazes de acompanhá-lo: Adriano, Henrique e Arouca.Mas pode ser pouco. Se controlar o espaço, o meia ainda é capaz de fazer o time funcionar com passes precisos e decisivos. Depois de 32 rodadas, está claro que dificilmente Ronaldinho deixará de colocar seus parceiros duas ou três vezes em situação de marcar o gol. Seus movimentos em campo são diferentes. Corre menos, ocupa setores específicos, mas enxerga demais. Se tiver uma equipe organizada, preparada para sustentá-lo, pode ser a saída para muitos problemas. Depende dele.Faltou pouco para a disputa pelo título terminar ontem, no Estádio Independência. Mesmo quando andava em campo com a camisa do Flamengo, alternando bons e maus momentos, R49 sempre deixava claro poder jogar mais.O cabelo continua o mesmo, mas com a camisa do Galo trata-se de outro jogador. As marcas de Ronaldinho estão nos três gols, mais diretamente no primeiro, de Jô, e no terceiro, de Leonardo Silva, com bolas que saíram de seus pés. Bolas que o Fluminense não conseguiu impedir.Diferentemente de Adriano, do Santos, na quarta-feira, o meio de campo do Flu ofereceu mais espaço para ele. Fatal para quem ainda domina o passe e os lançamentos, que têm sido um drama na vida de muitas equipes. Ao contrário das "tijoladas" que vemos por aí, surge a bola no pé. Ou na cabeça. Perfeita.E assim o Atlético de Cuca evitou o encerramento prematuro da competição. Ainda existe vida no Brasileirão, mas precisamos discutir mais sobre o estilo que tomou conta do nosso futebol. A exemplo de Ronaldinho, todos nós podemos trabalhar mais e melhor.Basta observar o ambiente da partida em Belo Horizonte, lembrava a atmosfera competitiva do Campeonato Inglês, por exemplo: estádio lotado, torcedores bem próximos ao gramado e uma intensidade incomum na disputa de cada jogada. Sim, podemos sair da mesmice, podemos tornar o confronto entre dois grandes clubes brasileiros numa experiência inesquecível.A diferença na tabela entre Fluminense e Atlético, que poderia ter ido a 12 pontos, agora está em seis. Foi apenas a terceira derrota do time de Abel Braga no campeonato. Para perder o título, ainda terá que se esforçar demais, mas nada tira o valor, a beleza e o encanto da vitória do Galo de Ronaldinho Gaúcho, hoje merecer de todos os elogios. Quem não costuma enxergar final de campeonato nos pontos corridos perdeu uma grande oportunidade neste domingo.

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