Berna ainda pode passar ao Brasil as movimentações bancárias e ativos completos do cartola
Por Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:
A Suíça vai cooperar com o Ministério Público para identificar, congelar e eventualmente devolver os recursos de Carlos Arthur Nuzman aos cofres dos bancos do País. Segundo o Estadão apurou, o Departamento de Justiça e Polícia da Suíça recebeu um pedido de cooperação no dia 28 de setembro, referente aos ativos do dirigente brasileiro.
Entre os pedidos da Justiça está o confisco de contas bancárias e de barras de ouro, em Genebra e Lausanne. Mas o que os procuradores brasileiros ainda pedem é que os investigadores suíços identifiquem todas as contas em nome de Nuzman, assim como aquelas em que ele poderia ser beneficiário.
Os bancos suíços, diante da informação, ainda têm a obrigação de informar às autoridades sobre eventuais contas que possam existir relacionadas com o brasileiro.
Nesta quinta-feira, o Departamento de Justiça repassou o pedido de cooperação do Brasil ao Ministério Público Federal, em Berna, para que ele seja "executado". Uma ação deve ocorrer nos próximos dias e, diante da urgência do caso, o congelamento pode ocorrer com certa rapidez para evitar a fuga dos recursos.
A decisão de Berna foi tomada depois que uma análise preliminar determinou a existência de fato dos ativos e comprovou que as suspeitas estão baseadas em indícios concretos. Em Genebra, Nuzman teria guardado 16 barras de ouro, enquanto num banco em Lausanne uma outra conta seria ainda também usada pelo cartola brasileiro.
Veja a trajetória de Carlos Arthur Nuzman
1 / 13Veja a trajetória de Carlos Arthur Nuzman
Atleta de vôlei
Carlos Arthur Nuzman iniciou sua vida no esporte no Clube Israelita Brasileiro, como jogador de vôlei. Anos mais tarde, integrou a seleção brasileira ... Foto: DivulgaçãoMais
Advogado e presidente do COB
O dirigente formou-se advogado e assumiu pela primeira vez a presidência do Comitê Olímpico Brasileiro, o COB, em 1995 Foto: Tasso Marcelo/AE
Grandes eventos
A gestão de Nuzman é marcada pelos grandes eventos que o país se candidatou e recebeu, como o Pan-americano, no Rio de Janeiro, em 2007, a Olimpíada d... Foto: Tasso Marcelo/AEMais
Polêmicas
Uma das primeiras polêmicas queenvolveram o dirigente do COB foio questionamento do aumento em 1000% no orçamento do Pan realizado no Brasil, em 2007. Foto: Wilton Júnior/AE
Olimpíada
Em 2009, o Rio de Janeiro foi escolhido como sede da Olimpíada de 2016, concretizando o maior sonho de Nuzman à frente do COB. Foto: Carlos Magno / Governo do Estado do Rio de Janeiro / Divulgação
Viagens
Na campanha, Nuzmanviajou para dezenas de paísespara tentar atrair votos para a candidatura do Rio de Janeiro. Posteriormente, já após a realização da... Foto: Wander Roberto / Rio2016 / DivulgaçãoMais
Consenso
Na eleição do COB de 2015, Nuzman contoucom apenas um opositor entre os presidentes de confederação com direito a voto:Eric Maleson, da Confederação B... Foto: Fabio Motta/AEMais
Longo mandato
Desta maneira, Nuzman saiu como candidato único. O mandato seria o seu sexto e deveria durar21 anos. Foto: Divulgação
Mais polêmicas
Após a Olimpíada de 2012,dez funcionários do COB foram demitidos pelo furto de documentos sigilosos da organização dos Jogos Olímpicos de Londres. O C... Foto: DivulgaçãoMais
Críticas de senador
Outrapolêmica envolveu o COB antes dos Jogos. O deputado Romário levantou suspeitas sobre uma possível conivência da entidade com a venda irregular de... Foto: Wilton Júnior/AEMais
Jogos do Rio
Nuzman comandou o COB e o Comitê Organizador Local da Olimpíada, que foi avaliada como bem sucedida pelos órgãos, apesar de alguns problemas organizac... Foto: Kai Pfaffenbach / ReutersMais
Investigações
Suspeitas de compra de votos surgiram após aOlimpíada, com o Ministério Público francês e a Procuradoria Geral da República do Brasil identificandopag... Foto: Marcos D' Paula / Agência EstadoMais
Prisão
Como desdobramentos das investigações, a Polícia Federal realizou a prisão do dirigente pela participação no esquema de compra de votos paraque o Rio ... Foto: Ricardo Moraes / ReutersMais
No mês passado, o Estadão revelou com exclusividade que a polícia brasileira descobriu nos computadores do dirigente e-mails no quais ele se dirigia à Federação Internacional de Atletismo, solicitando que pagamentos fossem realizados a uma conta em Lausanne. A entidade era governada por Lamine Diack, acusado de estar no centro do escândalo de compra de votos para as sedes dos Jogos Olímpicos.
Nuzman argumentou que o e-mail se referia a pagamentos de despesas de seus trabalhos como membro da Comissão de Ética da entidade de Diack. Agora, o MP quer saber todos os depósitos que passaram pela conta, assim como outras movimentações que possam ter envolvido bancos suíços.
Com os documentos em mãos, Berna repassará as informações aos procuradores brasileiros. No caso da Lava Jato, foi justamente a cooperação dos suíços que permitiu desmontar uma ampla rede de pagamento de propinas.