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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Talento desequilibra

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Por Antero Greco
Atualização:

Barcelona e Juventus não fizeram a final mais sensacional da Liga dos Campeões. Nem por isso o duelo em Berlim foi menos emocionante. A decisão do título europeu expôs dois times valentes, com qualidade, taticamente muito bem arrumados. Houve, no entanto, uma diferença fatal: os catalães têm quantidade maior de jogadores talentosos, daqueles que desequilibram, que desatam nós na hora certa. Deu a lógica nos 3 a 1.O estereótipo do "futebol italiano é retrancado" levou desavisados a imaginarem uma Juve fechada, a distribuir botinadas e na esperança de uma bola. Engano. A representante do calcio tratou de surpreender o rival poderoso logo no início. No primeiro contragolpe, sentiu a força da habilidade e levou o gol de Raktic. Nem por isso abdicou de jogar, apesar da dificuldade de segurar um Barcelona animado, e cauteloso, objetivo nas descidas ao ataque. A vantagem espanhola poderia ser maior, antes do intervalo. Buffon trabalhou, a defesa sentiu a ausência de Chiellini.Na volta, a Juventus outra vez quebrou expectativas e partiu para cima, empatou com Morata e teve domínio. Deu calor ao Barcelona, flertou com a virada, animou os tifosi no Estádio Olímpico alemão. Começou a ruir num contra-ataque rápido puxado por Messi, que chutou forte; na rebatida de Buffon a bola sobrou para Suárez empurrar para o gol. Dali em diante, os juventinos sentiram o peso da façanha a que se propunham e no último lance Neymar selou o título com outro gol.O Barcelona de Luis Enrique economiza no espetáculo em relação àquele de Pep Guardiola. O que não significa nenhum demérito. Continua a ser magnífico e eficiente, homogêneo e com o trio do Mercosul (argentino, uruguaio e brasileiro) a desbancar as zagas. A Juventus também apostou na força do grupo e esteve perto de proeza. Dessa vez, porém, alguns estiveram abaixo do esperado, Tevez sobretudo. O Barça continua trajetória iluminada e a Juve revitaliza o futebol da Itália.Seleção agora? A seleção já foi motivo de muita satisfação para o Brasil. Ao longo da história, virou sinônimo de arte e excelência, permitiu ao cidadão daqui estufar no peito e encher a boca para falar "pentacampeã". Mas os 7 a 1 de 2014, na Copa em casa, equivaleram a paulada no cocuruto da nação - e ainda dói pra chuchu. Vai demorar pra passar, no mínimo algumas gerações. Menos de um ano depois do desastre no Mineirão, arrematado com os 3 a 0 para a Holanda na decisão do 3.º lugar, a amarelinha - identificada como "time da CBF" - prepara-se para a primeira disputa oficial da fase de reconstrução. A Copa América vem aí. Sim, não sabia?! Começa no Chile durante a semana, com a participação da turma da região, mais México e Jamaica. O torneio servirá de aperitivo para as Eliminatórias Sul-Americanas para o Mundial de 2018. Mas, tanto a Copa América quanto a seleção se veem cercadas de desconfiança. A primeira pela ligação com pessoas presas ou condenadas a pagar multas ao fisco dos EUA. A equipe nacional pela inarredável associação com a CBF, entidade desmoralizada, com credibilidade igual à de nota de 3 reais. Para piorar, o campeonato soa como intruso no calendário, ao menos para o Brasileiro. Intruso e daninho, pois diversos clubes estarão desfalcados de jogadores titulares, pois a Série A não para. Enésima demonstração de desdém da CBF com o futebol doméstico. O negócio, negócio mesmo, é botar a seleção em campo, porque o caixa precisa ficar cheio. A turma convocado por Dunga passou a semana em Teresópolis, quase incógnita, tal a frieza do torcedor. A base para o amistoso de hoje com o México e para a Copa América tem Jefferson, Danilo, Miranda, David Luiz e Filipe Luís; Fernandinho, Elias, Willian e Philippe Coutinho; Neymar e Diego Tardelli. Não há muito como fugir disso. Uma trupe que obteve resultados bons até agora, aplicada, sem ousadias. Bem a cara do técnico que regressou.

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