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Torcida transfere 'Carnacopa' para o centro de SP

Extasiados com a vitória nos pênaltis, argentinos agora cantam ainda maisalto que Maradonaé melhor do que Pelé

Por Diego Zanchetta
Atualização:

Pendurados em prédios, rolando na grama com amigos, chorando. A festa argentina tomou as ruas do centro de São Paulo assim que o jogo acabou. O êxtase entre eles era tanto que muitos prometiam seguir imediatamente em caravana até o Rio, para acompanhar a final mesmo do lado de fora do Maracanã. A música Brasil decime qué se siente (que afirma, entre outras coisas, que Maradona é melhor do que Pelé) ecoou por todo o Vale do Anhangabaú e ao longo do Viaduto do Chá. A Avenida Prestes Maia chegou a ser fechada pelos torcedores de azul e branco. Muitos choravam e abraçavam até os brasileiros com a camisa da seleção.

Torcedores após assitir o jogo Holanda x Argentina no Vale do Anhangabaú, comemoram em frente ao Teatro Municipal Foto: Evelson de Freitas/Estadão

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"Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Esperamos anos por isso. E acontecer no Brasil transforma tudo em um sonho, não dá para acreditar", afirmou Piero Troster, de 29 anos, que chorava com outros amigos em um bar no Largo do Paiçandu.

Sem parar de cantar, os argentinos prometiam varar a madrugada festejando nas ruas do centro de São Paulo. "Eles mereceram. Olha essa torcida, que maravilha, dá um show na nossa", comentou Paulo Ricardo Ferreira, de 46 anos, brasileiro que torcia para a Holanda.

Com réplicas da taça de campeão, os argentinos Alejandro Joia, de 24 anos, e Armando Combre, de 31, choravam enrolados em uma bandeira argentina no Vale do Anhangabaú. "O Brasil pode ser pentacampeão, mas na Copa da Argentina vocês ficaram só em terceiro lugar. E nós vamos sair do Maracanã com a taca", disse Armando.

DOMINADO As escadarias do Teatro Municipal, a Praça Dom José Gaspar e o Viaduto do Chá estavam tomados por uma multidão de azul e branco. Cerca de 10 mil argentinos que não conseguiram ingressos para o jogo se espalharam por bares, restaurantes e até lojas e pontos de táxi com televisões. Na Fan Fest, a capacidade máxima de 25 mil lugares esgotou uma hora e meia antes da partida - os hermanos eram a maioria.

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Os ônibus com torcedores de todas a partes da Argentina chegavam em carreatas pelas ruas do centro. Com as duas mãos para fora das janelas, os argentinos mostravam sete dedos, como se precisassem lembrar os brasileiros a derrota para a Alemanha. Mesmo nas ruas, eles não hesitaram em provocar o tempo todo os pequenos grupos com camisetas do Brasil.

"Isso aqui está parecendo a Avenida 9 de Julho após título do River Plate", brincava o argentino Gustavo Uchôa, de 34 anos, em referência à principal via de Buenos Aires. Até os barras-bravas, torcedores violentos que estão proibidos de entrar nos estádios da Copa, se concentraram em bares na região da Avenida Prestes Maia, ao lado da Estação Anhangabaú do Metrô. 

Em maioria nas ruas e bares do centro, os argentinos não permitiam que brasileiros torcessem pela Holanda. Cada vez que algum brasileiro esboçava apoio às jogadas do adversário, os argentinos começavam a pular juntos e a cantar Brasil decime qué se siente. "Depois de ontem, ainda encarar essa festa hoje deles aqui tá difícil. Mas nós merecemos passar por isso, depois de levar de 7", admitiu Aurélio de Almeida Souza, de 39 anos, de Belo Horizonte.

"Viajamos mais de três dias porque sabíamos que poderíamos chegar nesta final. Vamos ser campeões aqui no Brasil, como sempre sonhamos. E melhor ainda é chegar após essa derrota humilhante que vocês levaram", afirmou Alfredo Pujoli Santini, de 45 anos, de Salta.

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