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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Verdade ou desonra

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Por Antero Greco
Atualização:

A história tenebrosa da escalação de Héverton nos minutos finais da última rodada do Brasileiro de 2013 não terminou - nem pode ser encerrada sem esclarecimentos ou só com meias-verdades. Lembra do caso? Vai um resumo. O moço estava suspenso, não podia entrar em campo, mas defendeu a Portuguesa por alguns minutos num jogo com o Grêmio que não valia mais nada para ela, uma vez que estava salva do rebaixamento. O lapso do clube veio a público dois dias depois, o que o levou a denúncia no tribunal esportivo e posteriormente a julgamento e condenação. O castigo veio em forma de Série B, neste ano, e a decadência se acentuou com a ida para a Série C. Num primeiro momento, houve quem defendesse a inocência da Lusa - e, desde o início, me alinhei com esse bloco. Por considerar que houvera, no máximo, um deslize, e não má-fé, além de equívocos no procedimento de divulgação de sentenças da justiça esportiva. Questão de princípio jurídico, pois não se considera ninguém culpado até prova em contrário. O tribunal se convenceu do contrário e aplicou o que considerava ser a pena correta.O imbróglio seguiu adiante, o Ministério Público entrou em cena, investigou um monte de gente, levantou suspeitas de ilícitos. De um momento para outro, a poeira baixou, não se falou mais nisso, apesar de indagações terem permanecido no ar. Silêncio também na própria Portuguesa, que deveria bater-se com obsessão para descobrir o que aconteceu para desgraçá-la.O episódio voltou nesta semana com reportagens do Estado e com entrevista do presidente Ilídio Lico ao portal Yahoo. De novo, flutuaram ilações de que teve falcatrua e, como é óbvio, alguém se aproveitou da situação para levar um por fora. Para trocar em miúdos: venderam a Lusa, empurraram-na para a degola em troca de dinheiro (ou algum outro tipo de favor). Quer dizer, tem judas nessa conversa.Já que se tocou numa ferida do futebol, é preciso ir adiante. Não se pode aceitar a intervenção dos bombeiros de sempre, da turma do deixa pra lá, dos conformistas, dos que preferem não atiçar vespeiro para driblar o risco de desembocar em coisa graúda. Se existem sinais de corrupção, não se pode parar no meio do caminho. E, sobretudo, há obrigação de alcançar a outra ponta, a de quem corrompeu, sejam pessoas ou instituições. O roteiro sujo deve ser desenrolado com transparência. A revelação é imprescindível; caso contrário, restarão fracasso e desonra.Se alguém levou vantagem imunda, responda na justiça esportiva e na comum, de acordo com os artigos cabíveis em que possa ser enquadrado, e pague pela maldade. Se a queda da Lusa beneficiou outra equipe, de maneira obscura, que esta receba tratamento idêntico e caia para outra divisão. O que deixa a gente com a pulga atrás da orelha é a divergência de suposições que se pode ler na página anterior deste caderno. No tribunal, há quem defenda punição irrestrita, assim como há quem diga que, agora, só cabem reprimendas para pessoas, pois o julgamento já terminou na sentença que condenou a Lusa.Calma lá. A Portuguesa caiu por ter sido considerada culpada - embora se veja que alguém ou um grupo a "vendeu". A entidade pagou por uns tontos larápios. Se forem encontrados sonsos gatunos que agiram para beneficiar outro time, que prevaleça raciocínio idêntico. Ou moraliza ou esculhamba de vez.Tudo em ordem. Por falar em investigação, você lê na página seguinte que a comissão encarregada pela Fifa para analisar se ocorreram irregularidades na escolha do Catar como sede da Copa de 2022 concluiu que tudo seguiu os trâmites normais. A Fifa, assim, fica com a consciência tranquila.Ao mesmo tempo, se confirmou o que o Estado havia informado um ano atrás: amistoso entre Brasil e Argentina, disputado no Catar em 2010, rendeu um dinheiro bom para dirigentes. A Fifa pede punição...

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