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A 42 dias da Olimpíada, laboratório antidoping do Rio é suspenso

LBCD deveria ser responsável pelos exames nos Jogos

Por Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:

Os organizadores dos Jogos Olímpicos do Rio têm um enorme problema para resolver a 42 dias da abertura da Olimpíada. Nesta sexta-feira, a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) anunciou a imediata suspensão do credenciamento do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), antigo Ladetec, que deveria ser responsável pela realização dos exames antidoping colhidos durante a Olimpíada.

De acordo com a Wada, o LBCD foi suspenso na última quarta-feira e proibido de conduzir novos testes de urina ou sangue diante do que a Wada qualifica como "erros procedimentais". Os laboratórios antidoping de Lisboa (Portugal), Madri (Espanha), Pequim (China) e Johanesburgo (África do Sul) também estão suspensos. O de Moscou foi descredenciado em novembro passado. "Vamos tentar resolver os problemas identificados", declarou Olivier Niggli, diretor-geral. Enquanto isso, as amostras serão transportadas para outros laboratórios e ficarão sob a custódia da Wada. "Isso vai garantir que não tenhamos problemas nos processos de análise e que a integridade das amostras seja garantida", disse.

Laboratório seria responsável pelo controle antidopagem nos Jogos Foto: Divulgação

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David Howman, diretor da Wada, admitiu que os problemas identificados no LBCD eram "preocupantes" e afirmou que não acredita que possam ser solucionados até o dia 5 de agosto, data da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos do Rio. O LBCD é o antigo Ladetec, que em 2013 perdeu seu credenciamento junto à Wada após uma série de "falsos positivos", quando o resultado de um exame antidoping dá positivo incorretamente. Ele foi reaberto em maio do ano passado. Só para a compra de novos equipamentos, materiais e operação foram destinados R$ 54 milhões pelo Ministério do Esporte.

Agora, o custo para realizar o transporte das amostras até Lausanne, na Suíça, pode chegar a milhões de dólares. Na Copa, com um número muito inferior de atletas, os gastos foram de US$ 250 mil. Em termos operacionais, o descredenciamento promete ser uma dor de cabeça para a agência internacional. "Todas as amostras ainda não examinadas e todas aquelas sendo submetidas aos procedimentos de confirmação A e B e todas as amostras onde existe um resultado analítico devem ser transportadas com segurança para um laboratório credenciado pela Wada assim que possível e no máximo em 14 dias", alertou a Wada nesta sexta-feira.

Procurado, o COI não deu uma resposta ainda sobre o caso. A entidade tem sido alvo de uma forte pressão depois que, por conta de revelações de jornais alemães e americanos, a entidade teve de agir e suspender atletas russos dos Jogos. Um Comitê de Disciplina será criado e vai reavaliar o caso. Mas, segundo a Wada, a suspensão tem efeito "imediato" e pode durar até seis meses. De acordo com a agência, todas as federações nacionais e autoridades locais já foram notificadas.

No início da semana, o presidente do COI, Thomas Bach, garantiu que iria adotar uma postura de tolerância zero com o doping no Rio. Mas, questionado sobre o preparativo dos Jogos e a crise no Brasil, ele insistiu que confiava na capacidade dos brasileiros em realizar o evento. Já na semana passada, questionado pelo jornal O Estado de S.Paulo sobre o laboratório no Rio, o presidente da Wada, Craig Reedie, havia declarado que o local era "um dos grandes legados dos Jogos". Ele foi reaberto em maio do ano passado, após dois anos fechado.

Se não houver uma solução até o dia 5 de agosto, na abertura dos Jogos, a Wada terá de transportar diariamente as amostras de sangue e urina dos atletas até Lausanne, na Suíça, para que sejam testadas. Uma operação similar ocorreu durante a Copa do Mundo de 2014, quando o laboratório também havia sido desqualificado.

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