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Após 'chegar à lua', Gilvan mira uma final olímpica

Canoísta começou no esporte aos 12 anos, em projeto social, e nunca se imaginou na Olimpíada; agora quer mais

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Por Paulo Favero
Atualização:

Se Isaquias Queiroz é a grande estrela na prova de canoa na canoagem brasileira, é no caiaque que os atletas querem mostrar evolução e provar o bom momento da modalidade no Brasil. A seleção deixou Curitiba e vai ficar em São Paulo até a véspera de competir no Rio, para aproveitar o inverno mais ameno. Gilvan Ribeiro, Edinho Silva e Ana Paula Vergutz querem seguir os passos do campeão mundial Isaquias e conseguir, no mínimo, chegar à final olímpica. “A preparação está intensa e cada dia é muito importante. Fugimos do frio de Curitiba e viemos para São Paulo. Melhorou muito a qualidade dos treinamentos, o paulista reclama que está frio, mas para nós está ótimo. E temos de manter o foco até o final para não vacilar ou ter lesão que possa atrapalhar”, explica Gilvan, que começou no esporte por acaso.

Gilvan Ribeiro (atrás) vai disputar o K2 200 m com Edson Silva na Rio-2016 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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“Quando estava em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, queria ser jogador de futebol e atuar no Grêmio. Era criança e sonhava com isso. A vida foi para um lado totalmente oposto. Quando tinha 12 anos, estava em um projeto social na canoagem, e pensar em chegar na Olimpíada naquelas condições era muito difícil, era como ir à lua. Foi um trabalho de 15 anos e eu cheguei à lua”, conta. Por isso, ele leva como lema uma frase de Rubem Alves que diz: “cheguei onde cheguei porque tudo que planejei deu errado”. A história de superação começou logo cedo, com a infância humilde. Gilvan lembra que nunca faltou o básico. “Somos de origem simples. Minha mãe era faxineira e meu pai era guarda, sempre estudamos em escola pública e praticávamos o futebol, que era o mais acessível.” Ele conta que ele e seu irmão Givago, que também foi atleta da seleção de canoagem, tinham vontade de fazer natação ou jogar tênis. “Mas eram esportes de elite e não tínhamos acesso. Foi aí que surgiu o projeto social de canoagem e nós agarramos com todas as forças”, diz. Há cinco anos Gilvan estuda a filosofia budista. Ele lê bastante, recita mantras e até fez uma tatuagem no braço. “Esse é o primeiro Buda e tem também uma espécie de demônio. São minhas sombras, que diariamente tento evoluir para transcender essa ignorância mental”, explica, apontando para o desenho. Nos Jogos do Rio, ele formará dupla com Edinho Silva, seu parceiro no K2. O companheiro vê a parceria com grande expectativa. “O sucesso de uma dupla está no sincronismo. É quase um casal. O K2 se torna uma embarcação para um só pessoa. Dentro e fora da água precisa ter sincronia. Queremos buscar o melhor resultado nos Jogos Olímpicos”, comenta Edinho. No feminino, a única representante da canoagem velocidade será Ana Paula Vergutz, que disputará o K1 200 m e 500 m. Ela vê como algo positivo o aumento da visibilidade da modalidade, graças às conquistas de Isaquias, e almeja chegar à final olímpica. Na orelha, o brinco dado por sua mãe serve de amuleto para ela brilhar no Rio. “A gente é católico e devoto de Nossa Senhora. Na última seletiva para conquistar a vaga ela me deu como presente e deu sorte”, conclui a atleta, que sonha com o pódio, mas mantém os pés no chão.

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