Brasil fica fora, mas Picciani vai ao Mundial de ciclismo

Atletas do País não vão competir em Doha por falta de recursos, mas Ministério envia delegação ao Catar

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Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

O Campeonato Mundial de Ciclismo de Estrada começa neste domingo, no Catar, sem a participação de atletas brasileiros. Mesmo assim, uma delegação de nove pessoas será enviada pelo Ministério do Esporte, nela incluída o próprio ministro, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), ciclista amador e filiado à Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) na categoria master.

Viajarão também três assessores especiais (Vanderley Alves, Márcio Derenne, Lilian Dias), um consultor jurídico (Tamoio Athayde Marcondes), a coordenadora-geral de cerimonial (Lucielen Barbosa), a chefe de gabinete do ministro (Raquel Nogueira da Motta), o chefe da assessoria de assuntos internacionais (Renan Leite Paes Barreto) e o secretário de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Leandro Cruz).

Com Brasil fora do Mundial, Ministério do Esporte enviará delegação ao Catar Foto: Clayton de Souza| Estadão

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A maior parte da delegação vai ficar em Doha de terça-feira até o dia 17, enquanto o ministro chega na quinta-feira, acompanhado de dois membros da delegação, depois de participar de uma reunião da Agência Mundial Antidoping (Wada), em Montreal, no Canadá.

Já os atletas não participarão por vários motivos. O Brasil não conseguiu classificação para o Mundial nas principais provas, uma vez que as vagas são distribuídas a partir de resultados coletivos e, sem recursos, as seleções quase não competiram internacionalmente nas últimas temporadas. O País só se classificou no sub-23, mas optou por não enviar representantes.

O mesmo ocorreu com a Funvic, de São José dos Campos, que tinha direito a participar da prova de contrarrelógio por equipes. O único time profissional da América do Sul na segunda divisão do ciclismo alegou que, com o orçamento apertado, o custo da viagem não compensava. O clube preferiu guardar o dinheiro para competir na China entre o fim de outubro e o início de novembro.

Contatos. Em nota, o Ministério do Esporte disse que, em Doha, Picciani terá encontros bilaterais para cooperação técnica e troca de experiências na organização da Copa do Mundo de futebol, uma vez que o Catar será sede em 2022. “Além disso, negociará parcerias para investimento no esporte de base no Brasil e no hipismo, para aproveitamento do Centro Nacional de Hipismo, em Deodoro, e terá encontro com o presidente da União Ciclística Internacional (UCI), Brian Cookson.’’

Ainda segundo a pasta, a reunião terá como objetivo “garantir a utilização do Velódromo Olímpico em competições internacionais de ciclismo de pista’’.

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O ministério ressalta que, depois de passar por Doha, Picciani discursará no Fórum Mundial de Cultura e Esporte, em Tóquio, convidado pelo ministro japonês do esporte. “Na visita ao Japão, o ministro terá encontros bilaterais para cooperação técnica entre os países na área do esporte e para a troca de experiências na organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.’’

Ainda que não conste no Diário Oficial, a viagem ao Japão também servirá para que o ministro acompanhe uma etapa do Grand Slam de Jiu-Jítsu, modalidade que não é olímpica. Picciani também se diz praticamente desta arte marcial.

Nem no Pan. Outra ausência em competição internacional do ciclismo brasileiro, nesse caso de pista, ocorre no Campeonato Pan-Americano. A competição poderia ratificar a evolução do País na modalidade, dois meses depois da Olimpíada e após um investimento de R$ 143,6 milhões na construção de um velódromo coberto.

A equipe, com 12 atletas, treinou por 11 dias em Maringá (PR) para o que a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) chamava de “um dos desafios mais importantes do calendário internacional’’. O problema é que a entidade não comprou as passagens para a disputa, que ocorre desde quarta-feira e termina hoje em Aguascalientes, no México.

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Ao Estado, a CBC explicou que a competição mudou de local “em cima da hora’’, em agosto. “Foi feita uma programação para ir ao Canadá. Quando mudou, fizemos reservas para ir ao México, mas a reserva caiu’’, relatou a entidade, por meio da assessoria. No site da Confederação Pan-Americana, o calendário da competição está publicado há pelo menos um mês.

No mês passado, a CBC noticiou que, além dos 12 ciclistas, estavam treinando em Maringá três profissionais da comissão técnica. A reportagem tentou contato com três dos ciclistas, que não quiseram comentar a ausência no Pan.

Apesar de planejar a ida dos atletas ao Pan-Americano, a CBC marcou o Campeonato Brasileiro de Ciclismo de Pista para praticamente as mesmas datas. O torneio, também em Maringá, começa amanhã.

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A pontuação distribuída no Pan seria fundamental para que os ciclistas brasileiros conseguissem espaço na Copa do Mundo da modalidade, que, por sua vez, dá pontos para a disputa do Mundial.

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