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Cabo eleitoral de Bach no COI e homem forte na Fifa, Al Sabah nega corrupção

Ahmad Al Fahad Al Sabah, dirigente do Kuwait, diz não ter participado de esquema de pagamento de propina

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Por Redação
Atualização:

Acusado de corrupção em investigação da Justiça dos Estados Unidos, Ahmad Al Fahad Al Sabah negou estar envolvido em qualquer irregularidade neste sábado. Homem forte na Fifa e cabo eleitoral de Thomas Bach na eleição para a presidência do Comitê Olímpico Internacional (COI), o dirigente do Kuwait descartou ter participado de um esquema de pagamento de propina.

"Ahmad está muito surpreso por estas alegações e nega veementemente qualquer irregularidade", limitou-se a comentar o Conselho Olímpico da Ásia (OCA, na sigla em inglês) em comunicado divulgado neste sábado em nome de seu presidente desde 1991, Al Sabah.

O sheik Ahmad Al-Fahad Al-Sabah, líder da Ásia na Fifa, em entrevista dada em 2015 Foto: Andrew Harnki/AP

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Membro do COI e conhecido como um dos atores mais poderosos do esporte mundial Al Sabah foi um dos principais responsáveis por garantir a eleição de Thomas Bach para a liderança do movimento olímpico. Na Fifa, Al Sabah ainda age como um dos homens mais influentes e é parte da cúpula da entidade.

Mas documentos do Departamento de Justiça dos EUA revelaram agora que ele pagou US$ 850 mil entre 2009 e 2014 para que outro cartola - até hoje membro do Comitê de Auditoria da Fifa - identificasse dirigentes que estivessem dispostos a entrar em um esquema de fraude e garantissem apoio a seu grupo. O objetivo era permitir que a facção que o estava pagando ganhasse poder e influência dentro da Fifa.

O auditor da Fifa em questão, Richard Lai, se declarou culpado diante da corte de Nova York, revelando como havia sido "contratado" para recrutar outros cartolas em esquemas de corrupção. Na Fifa, ele foi suspenso temporariamente do futebol nesta sexta-feira.

Mas é o envolvimento direto de Al Sabah que abre uma nova crise no esporte mundial. O representante árabe foi um dos homens que desenhou as reformas da Fifa e se apresentava como a pessoa que poderia eleger qualquer dirigente, em qualquer instituição.

Ex-soldado do Exército do Kuwait, ex-ministro do Petróleo e ex-presidente da poderosa Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o dirigente passou a ser um personagem incontornável no esporte. Em 2015, seu discurso também apontava para um complô dos Estados Unidos ao prender cartolas. No Brasil, durante os Jogos Olímpicos de 2016, o suspeito manteve uma relação íntima com os dirigentes da CBF.

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Em uma reunião, Lai pediu dinheiro para supostamente contratar treinadores para o time de Guam, onde era presidente da federação local. Al Sabah respondeu que poderia enviar US$ 200 mil. Mas, no lugar de dar os dados de uma conta oficial, Lai passou seus dados bancários pessoais, e não da federação. Segundo os americanos, o dinheiro saiu de uma conta no Kuwait para outra do HSBC, em Hong Kong. O dinheiro jamais foi usado para contratar treinadores.

De acordo com o Departamento de Justiça, depois desse pagamento, Al Sabah "começou a usar a ajuda de Lai" para influenciar decisões dentro da Fifa e minar seus rivais. A investigação aponta que a estratégia funcionou, com Al Sabah sendo eleito para o Comitê Executivo da Fifa.

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