Claudiney Batista dos Santos ganha ouro no lançamento de disco

Brasileiro ainda bateu o recorde paralímpico na prova, com 45,33 metros

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Por Constança Rezende
Atualização:

Claudiney Batista dos Santos, de 37 anos, ganhou medalha de ouro e quebrou recorde Paralímpico, no lançamento de disco, no início da tarde deste sábado, 10. Ele competiu na categoria F56, para cadeirantes e lesões similares. Batista alcançou a marca de 45,33 m. O recorde anterior era 44,63m. 

O atleta não tem uma parte da perna esquerda, a partir do joelho, devido a um acidente de moto, em 2005. O mineiro de Bocaiuva tinha ganhado prata no Mundial do ano passado na mesma prova e também a medalha de prata em lançamento de dardo,na Paralimpíada de Londres, em 2012. Na mesma edição, ele ficou em quarto lugar no lançamento de disco.

Claudiney conquistou mais um ouro para o Brasil na Paralimpíada Foto: Wilton Junior/Estadão

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Apesar de todas as conquistas, Batista disse que ganhar uma medalha de ouro na Paralimpíada no Rio foi sua maior vitória. "Foi a coroação de todo um trabalho meu e dedicação das pessoas que trabalham comigo. O sentimento é de gratidão e realização. Ganhar em casa, a medalha tem mais valor ainda", afirmou ele, para quem o resultado foi consequência de seu amadurecimento físico e mental. "Fiz um trabalho de treinamento muito focado desde Londres e sabia que estava preparado. O ouro foi uma consequência e deu tudo certo, com apoio da família e amigos", disse o atleta, que mora e treina em São José do Rio Preto (SP).

Claudiney também destacou o aumento da quantidade de patrocinadores. Ele recebe incentivos do Ministério do Esporte, do governo de São Paulo e da Caixa Econômica Federal (CEF). "Tive ajuda financeira e isso contribuiu para a compra de material, alimentação e o auxílio de profissionais, como fisioterapeutas, médicos e massagista. Isso agrega no desempenho", afirmou.

O atleta não escondeu a felicidade com a conquista deste sábado Foto: Wilton Junior/Estadão

O atleta entrou para a delegação brasileira em 2011, quando se demitiu do emprego de telefonista para se dedicar exclusivamente ao esporte. "Até 2011, me desdobrava entre trabalho e treinar. Era mais difícil competir", explicou.

As metas atuais de Batista são ganhar a medalha de ouro no lançamento de dardo, amanhã, e quebrar o recorde mundial. Ele poderia ter feito isso neste sábado, na prova de disco, já que ainda tinha mais dois lançamentos para fazer. Mas, com a prova ganha e cansado, optou por não fazê-lo. A competição é longa e durou cerca de três horas. 

O atleta é apaixonado por esportes desde criança. "Só tirava A em educação física", disse. Durante sua vida, Batista praticou musculação, futebol, capoeira e jiu jitsu. Conciliava com empregos como instrutor em uma academia de musculação, segurança e barman. Após sofrer o acidente, Batista ficou deprimido, achando a vida tinha acabado e que jamais voltaria a fazer o que mais gostava: a prática esportiva. Quando se acidentou, ele estava começando a se preparar para o fisiculturismo.

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"Sempre fui ativo e, no momento em que me deparei com uma cama, falei: 'acabou, nunca mais vou poder praticar esportes'. Graças à Deus, conheci pessoas que me apresentaram ao esporte e vi que tinha muito pela frente. Não me entreguei, saí da cama e procurei me reabilitar", afirmou.

Claudiney entrou para o atletismo paralímpico em 2007, dois anos após o acidente. No hospital, chegou a receber visitas de alguns atletas paralímpicos, que o convidaram para praticar esportes. "Conheci o esporte paralímpico, que me fez ter alegria novamente e superar o extremo de minhas limitações. Hoje, tenho o esporte como uma aliado, que me aproxima de novas amizades, melhora ainda mais minha saúde, me traz alegria, motivação para viver e além disso também é minha profissão", disse.

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