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Dilma deverá usar passagem da tocha para defender seu governo

Discurso está previsto para ocorrer por volta das 10 horas

Por Carla Araujo , Tania Monteiro , Paulo Favero e Jamil Chade
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff deve usar a cerimônia de chegada da tocha olímpica ao País para, em seu discurso, tentar passar a imagem de que o governo “não jogou a toalha” na disputa do impeachment. A ideia é mostrar “que o jogo só acaba quando termina”. Ela deve, no entanto, ser comedida nos comentários pelo caráter internacional da cerimônia. O discurso da presidente deve ocorrer por volta das 10h. Pelo lado do Comitê Olímpico Internacional (COI), o receio é de que o revezamento da tocha olímpica em território nacional até chegar ao Rio no dia da abertura dos Jogos Olímpicos seja alvo de protestos por conta da situação política do País. A tocha passará por 327 cidades em 95 dias, com a participação de 12 mil pessoas. Já os membros do Comitê Rio-2016 esperam que o símbolo dos Jogos sirva para celebrar o esporte e unir o País. Em entrevista na semana passada à rede de TV americana CNN, Dilma disse que ficará "muito triste" se não estiver à frente da Presidência durante os Jogos. "Se isso acontecer, ficarei muito triste porque nós fizemos um enorme esforço no espírito de parceria com o governo do Rio de Janeiro e nos engajamos num esforço no qual aprendemos muitas lições da recente Copa do Mundo”, disse.

 Foto: Reprodução

Além de Dilma, devem discursar nesta terça-feira o presidente do Comitê Rio- 2016, Carlos Arthur Nuzman; o ministro do Esporte, Ricardo Leyser; e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. A previsão é de que a tocha chegue a Brasília por volta das 6h, mas desde as 3 horas da madrugada, quando a aeronave ingressar no espaço aéreo brasileiro, será monitorada pelo controle de tráfego aéreo. Nuzman entrará com a tocha por uma entrada lateral do Planalto, às 8h50. Ele vai até a sala de Dilma e, juntos, os dois descerão a rampa interna do Planalto. Em seguida, Dilma recebe a tocha olímpica do dirigente e a entrega à bicampeã olímpica de vôlei Fabiana Claudino, que dará início ao revezamento, descendo a rampa do Planalto. Neste momento, sete aeronaves da Esquadrilha da Fumaça vão sobrevoar a Esplanada dos Ministérios.

 Foto: Wilton Junior/Estadão

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PROTESTOS Na segunda-feira, durante a cerimônia que apagou a pira no Museu Olímpico em Lausanne e passou a chama para as lanternas de segurança, o presidente do COI, Thomas Bach, alertou que o revezamento não deve ser usado por grupos políticos e sociais para protestar. Para o dirigente, é preciso haver "respeito" pela tocha no País. "Existe uma liberdade de opinião e de expressão. Mas estou confiante que os brasileiros vão respeitar a dignidade da chama olímpica. Ela é o símbolo da tolerância, da não discriminação e não tem uma posição política", avisa. "Os Jogos Olímpicos não devem fazer parte dos protestos", disse. O alerta não é gratuito. Ao longo dos últimos anos, o percurso da tocha passou a ser alvo de manifestações, especialmente na China, em 2008 quando a viagem foi acompanhada de críticas contra as violações aos direitos humanos no país. O presidente do COI acredita que a disputa política no Brasil não terá impacto na organização do evento. "Já estamos na fase operacional e não é mais uma questão tão política", explica o dirigente. Os organizadores têm um plano traçado para evitar problemas no trajeto. “Como qualquer grande evento, temos todos os protocolos de segurança, mas não temos grandes preocupações. É um momento de o povo brasileiro celebrar”, disse Leonardo Caetano, diretor de cerimônias e revezamento da tocha do Comitê Rio-2016.