EM CRISE, ATLETISMO VÊ RISCO DE FRACASSO NA OLIMPÍADA DO RIO

País-sede só ficou longe do pódio duas vezes na história

Publicidade

PUBLICIDADE

Por Almir Leite, Nathalia Garcia e Raphael Ramos
2 min de leitura

O péssimo resultado no Pan de Toronto, o pior desde Cali-1971, acendeu a luz vermelha do atletismo brasileiro. São grandes as chances de o País, que ganhou apenas um ouro no Canadá, não conseguir uma única medalha na Olimpíada do Rio. Seria um vexame histórico para o Brasil. Em mais de cem anos dos Jogos, somente em duas edições o país-sede não subiu ao pódio no atletismo: em 1920, em Antuérpia, e em 1988, em Seul.

O desempenho abaixo do esperado do time brasileiro em Toronto se deve, principalmente, ao nível das provas. Canadá e Estados Unidos levaram ao Pan alguns dos seus melhores atletas, o que acabou dificultando a vida dos brasileiros. Mas não é só isso. O País perdeu terreno também para outras equipes do continente. O Brasil, que historicamente costumava terminar o Pan na terceira posição, depois de Cuba e EUA, foi agora apenas o oitavo colocado na classificação geral, atrás de países como Colômbia e México.

Se no cenário regional a situação do Brasil é complicada, a nível mundial o quadro é crítico. O País fracassou nas últimas duas competições de peso. Tanto nos Jogos de Londres-2012, como no Mundial de Moscou-2013, os brasileiros não conseguiram sequer uma medalha. O último resultado expressivo foi o ouro no salto com vara conquistado por Fabiana Murer, em 2011, no Mundial de Daegu, na Coreia do Sul.

Fabiana diz que tenta colocar uma pedra no que aconteceu em Londres, quando não conseguiu realizar seus últimos saltos e nem sequer passou à final da disputa olímpica Foto: Jonne Roriz/AE

Fabiana, inclusive, continua sendo a principal esperança de medalha para os Jogos do Rio. A equipe brasileira que disputará a Olimpíada deverá ser muito parecida com a que foi para Londres. Nesse período, o Brasil revelou pouquíssimos atletas. Uma das raras exceções é Thiago Braz, 22 anos, dono da quarta melhor marca do ano no salto com vara (5,92 m), apesar do fracasso em Toronto, quando errou todas as tentativas.

A crise no atletismo colocou o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) em estado de alerta, e a entidade passará a monitorar de perto o trabalho da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) até os Jogos de 2016. O esporte é considerado vital para o País alcançar a meta estipulada pela entidade de 27 medalhas para ficar no Top 10 do ranking geral. Dos 108 pódios do Brasil na história da Olimpíada, 14 foram com o atletismo (quatro ouros, três pratas e sete bronzes). A modalidade só fica atrás de vôlei, vela e judô.

A partir do dia 22, o Mundial será disputado em Pequim. A competição vai reunir os melhores atletas do planeta e os resultados da equipe brasileira servirão como parâmetro para 2016.

Continua após a publicidade

Hoje, as chances de medalha do Brasil no Rio estão no salto com vara, no revezamento 4x100 m e na maratona. Mesmo assim, o País não pode ser considerado favorito em nenhuma das provas. “Precisamos contar com a sorte porque Jamaica e Estados Unidos são favoritos no 4x100 m, e na maratona a imprevisibilidade das condições climáticas deve deixar a disputa em aberto e, por isso, nos dá alguma possibilidade”, avalia Adauto Domingues, técnico da seleção brasileira.

Domingues reconhece que é impossível mudar esse cenário a curto prazo. “Assim como todo mundo sabia para qual lado o Garrincha ia driblar e ninguém conseguia marcá-lo, sabemos que os países do Caribe são melhores do que a gente nas provas de velocidade. Nos 10 mil metros também sabemos que vamos perder para Quênia e Etiópia. Essa é a realidade, não adianta querer enganar.”