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'Fenômeno' Petrúcio deixa a pacata São José do Brejo do Cruz e sonha alto para Tóquio-2020

Paraibano ganhou três medalhas nos Jogos do Rio

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Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan
Atualização:

Há três anos, Petrúcio Ferreira dos Santos jogava futsal de forma amadora pelo time de São José do Brejo do Cruz, cidade do interior da Paraíba, distante 430 km da capital, João Pessoa. Foi quando ele decidiu participar dos Jogos Escolares em provas de atletismo e, com bons resultados, trocou as quadras pelas pistas. A ascensão foi rápida. Em 2014, começou a competir pela seleção paralímpica juvenil e, este ano, no Rio, disputou seus primeiros Jogos Paralímpicos. Petrúcio ganhou três medalhas, com direito a um ouro e uma quebra de recorde mundial, na prova de 100 metros T47. Já é considerado um fenômeno e surge como candidato a destaque nos Jogos de Tóquio-2020.

Para chegar ao lugar mais alto do pódio nos 100 metros e levar mais duas pratas, nos 400 metros e no revezamento 4x100 metros, Petrúcio precisou deixar a vida com os pais, Paulo e Rita, e se mudar para João Pessoa em 2014, aos 17 anos. Na capital, contou com a ajuda de uma ex-prefeita de sua cidade natal, Maria da Natividade, para se virar nos primeiros meses.

Petrúcio ganhou três medalhas nos Jogos do Rio Foto:

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“Eu não tinha onde morar ou me alimentar. Quando ela soube da minha história, me acolheu em sua casa para me dar um suporte e eu começar a me dedicar ao atletismo”, contou Petrúcio. “Ela me deu todo o suporte para conhecer o professor Pedrinho (Pedro Almeida, seu técnico), pra treinar e me dedicar ao atletismo.”

Já no primeiro ano como velocista, Petrúcio foi campeão dos Jogos Parasul-Americanos e passou a ser apontado como possível medalhista na Paralimpíada do Rio. Pelo desempenho nas pistas, começou a receber bolsas do Ministério do Esporte. O dinheiro permitiu que passasse a morar sozinho e, mesmo de longe, a cuidar dos pais. “Consegui dar uma vida melhor a eles. Dei casa e transporte, e isso está me deixando muito feliz”, afirmou.

Os pais viram Petrúcio ganhar suas três primeiras medalhas paralímpicas pela TV. “Eles ficaram muito felizes, mas disseram que eu dei um friozinho na barriga deles. Na minha final dos 100 metros eu larguei um pouco mal e me disseram que acharam que eu não ia conseguir chegar. No revezamento e nos 400 metros também”, lembrou Petrúcio. “Quando falei com eles por telefone minha felicidade aumentou mais ainda. Ter conquistado o ouro e ouvir a voz da minha mãe, a voz do meu pai, e perceber a alegria no tom de voz me deixou ainda mais motivado para as outras provas.”

O velocista ficará no Rio até o final de semana. Depois passará uns dias em João Pessoa antes de visitar os pais, em São José do Brejo do Cruz. Ele sabe que o retorno à cidade de apenas 1.800 habitantes será diferente. “O pessoal já está falando que vai me receber com festa e com churrasco. Isso me deixa feliz também”, disse, sem esconder a satisfação.

Apesar do feito, Petrúcio considera que não merece o rótulo de um dos destaques dos Jogos do Rio. “Vim com uma meta e consegui. Eu dizia para minha mãe que queria um dia representar meu país. Consegui realizar esse sonho de infância em casa. Agora preciso focar em Tóquio-2020 e me dedicar cada vez mais. A cada dia eu quero me superar”, disse ele, que perdeu a mão esquerda aos 2 anos, quando mexia em uma máquina de moer capim.

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