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França passa informações e Abin admite ajuste em planos para Rio-2016

França entrega inteligência sobre Estado Islâmico ao Brasil

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Por Jamil Chade - Correspondente em Genebra
Atualização:

A França entrega ao Brasil informações confidenciais sobre o atentado terrorista de Nice, sobre o Estado Islâmico, e as autoridades brasileiras agora irão ajustar os planos de inteligência e segurança para os Jogos Olímpicos. Nos últimos dois dias, o diretor de Contraterrorismo da Abin, Luiz Alberto Santos Sallaberry, esteve em reuniões em Paris. Falando à imprensa, ele admitiu que o Brasil recebe e avalia "dezenas de supostas ameaças" por dia. Mas garantiu que o País "está preparado". 

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"O objetivo principal da nossa viagem foi ampliar o nível de cooperação, especialmente neste momento, e buscar as expertises dos processos de investigação tanto na área de inteligência como na área policial", explicou Sallaberry. "Viemos principalmente entender o modus operandi de como o atentado de Nice ocorreu. Isso gera uma série de modos operandi novos e que interessam aos órgãos que estão fazendo o enfrentamento do combate ao terrorismo", disse. 

Nos últimos dias, os serviços de inteligência da França solicitaram ao Brasil um reforço na segurança de escolas e delegações. Paris ainda vai deslocar dois funcionários do serviço de inteligência para Brasília e outros dois ao Rio. Para a Abin, isso é "normal". "Pense em um país que acabou de sofrer um flagelo como foi este em Nice, e estamos há pouco mais de 15 dias dos Jogos. Sempre trazem em seu bojo uma possibilidade de ações desta natureza", disse Sallaberry.

A Abin, porém, garante que os planos nacionais são "robustos". "Pequenos ajustes podem ser necessários. Vamos ver qual a expertise da França sobre o atentado de Nice, vamos levar estas informações às nossas autoridades para que tomem as decisões que acharem mais adequadas", disse. 

A delegação brasileira ainda contou com o coordenador de Análise e oficial de inteligência Ronaldo Zonato Esteves, e coordenador-adjunto do Centro Integrado Antiterrorismo, o delegado da Polícia Federal Camilo Graziani Caetano Paes de Almeida. Em Paris, eles se reuniram com a Direção Geral de Segurança Exterior e Interior, com a Direção de Inteligência Militar e com a Unidade de Coordenação da Luta Anti-terrorista. 

"Viemos aqui para ver se, fruto do que ocorreu, há a necessidade de completar alguma área. Não estou dizendo que existem falhas no planejamento. Mas podemos agregar maior qualidade", afirmou.

Segundo Sallaberry,o volume de informação coletada pelo Brasil "é muito grande". "Vamos pensar melhor nas informações que recebemos, para ver qual a melhor forma de lidar com isso. Certamente estamos saindo daqui com um conjunto de informações que são especialmente importantes para o trabalho de inteligência e de segurança para os Jogos Olímpicos", disse. 

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De acordo com a Abin, a apuração feita pelos franceses sobre o que ocorreu em Nice está avançada. "Isso nos ajuda a olhar por outros enfoques esse fenômeno que a cada dia nos surpreende, por uma forma diferente de atuar", explicou. Mas o diretor alertou que "não existe uma receita única de bolo" para lidar com o terrorismo. "É por isso viemos conhecer a experiência em Nice, o que facilita nosso processo de identificar caminhos alternativos para enchergar atos que possam ter essa natureza", disse. 

AMEAÇAS De acordo com o chefe da Abin, a principal ameaça ainda nos Jogos é a da atuação de "lobos solitários", indivíduos que atuariam de forma isolada e com grande impacto. "Essa é uma tendência mundial. Hoje, isso se coloca como o principal desafio para as áreas de inteligência e segurança", explicou. 

O diretor da Abin admitiu que o Brasil recebe "dezenas de supostas ameaças por dia". "Avaliamos com critério, e todas aquelas que têm uma necessidade de investigação são minuciosamente investigadas", disse. Ele, porém, alerta para a divulgação de informações não oficiais e tratadas como "verdade". 

"Isso vai gerar um tipo de inquietude e de alarmismo na sociedade que não é bom para ninguém neste momento. Especialmente neste momento", alertou. "Denuncias e registros que vem pela imprensa e por outros fontes são dezenas por dia. Aquelas que avaliamos são aquelas que tem grau de profundidade maior, Fazemos uma investigação de inteligência e se necessário de polícia judiciaria também", explicou. 

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A Abin também tentou tranquilizar os franceses. "A mensagem que passamos é de tranquilidade para as delegações, de que todas as estruturas dos eixos que envolvem a prevenção ao terrorismo estão muito próximas de tudo que existe de melhor no mundo para combater este tipo de fenômeno. Estamos efetivamente preparados para a possibilidade de enfrentamento de uma ação desta natureza", garantiu.

O oficial de inteligência negou que o presidente francês, François Hollande, ganhará uma segurança extra. "Todos os dignitários terão o mesmo nível de segurança e da área de inteligência. O planejamento nao pode privilegiar entes de uma forma direta", disse. 

Ele ainda apontou que o Brasil não tem diferentes níveis de alerta sobre o terrorismo. Mas insistiu que fechar sites e outras medidas de prevenção devem ser o centro do trabalho. "Tudo o que for legalmente permitido, fazemos. Fazemos prevenção e é ai que temos de nos esforçar", completou.   

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